Possibilidade de acordo?(narrativa de um fato real)

Tenho uma amiga que contagia com o seu bom humor.

Advogada, não se abate na lide diária.

Mas, nesse dia, a barra foi pesada demais. Chorou.

A sala de audiência estava repleta.

Misturavam-se os anseios, os rancores, as espertezas, as ingenuidades, o tecnicismo jurídico, os odores.

Como televisão e cinema não têm cheiro, quem vê o julgamento pela tela não imagina os odores que se sentem por lá.

Nem sempre a coisa cheira bem.

Na mesa destinada às partes, estavam de um lado a reclamante, com a criança de meses no colo, no outro a empresa com a assistência jurídica.

Insistia a minha amiga, advogada da autora, para ocorrer a conciliação e através dela um acordo; pequeno acordo financeiro pondo fim ao processo.

Não passava de R$1.000,00 a pretensão da autora, com a sua filhinha no colo.

A empresa, inflexível.

Com algum sofrimento, o acordo foi homologado.

Todos foram embora.

Cada um cumprira o seu papel.

A autora foi para a casa e horas depois a criancinha morreu...

Estava com câncer...

Lutava a mãe para receber algum para amenizar a dor daquele anjinho.

Mas, o que não está nos autos do processo não está no mundo, diz o ditado jurídico.

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 11/12/2005
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