NITERÓI

DA PONTINHA

Nestor Tambourindeguy Tangerini

Quando aqui apareceu o célebre e inesquecível professor Aronaick, porque se não cansassem os jornais de o seu aparecimento comentar, divulgando-o como sendo uma das maravilhas do Século XX, não houve, em toda Niterói, gato, cachorro, criança, homem e mulher que assistir não fosse aos belíssimos trabalhos desse moço, por meio de cujo assombroso dom havia já conquistado o título de última palavra em prestidigitação.

Não há, nem pode haver, quem disto não se lembre.

Foi referindo-se ao hábil e incomparável professor, que, ontem, numa roda (1), alguém, entusiasmado, exclamou:

- Aquele homem era um verdadeiro assombro! Vi-o transformar, instantaneamente, uma prata de 2 mil Réis em uma rosa!

- Isso não é vantagem!..., respondeu o poeta Luiz de Gonzaga (2).

- Minha mulher, em menos de um segundo, transforma, brincando, uma nota de cem mil Réis em um chapéu.

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(1) A roda intelectual do Café Paris, ponto de encontro de Nestor Tangerini, Luiz Leitão, René Medeiros, Apollo Martins, Gomes Filho, Olavo Bastos, Luiz de Gonzaga, Oscar Mangeon, Mazzini Rubano, Mayrink, entre outros.

(2) Luiz de Gonzaga – poeta niteroiense.

.............................................................................................................................Crônica publicada no jornal O CANASTRÃO, Niterói, RJ, 6a. feira, 13 de abril de 1926, com o pseudônimo João da Ponte.

Bergamota
Enviado por Bergamota em 09/02/2008
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