QUALQUER TEMPO DE QUALQUER TIPO

O canto que ressona em meus ouvidos ainda é o assovio do vento seco e quente das estradas daquele sertão por onde passei. Vi em poucos dias os caminhos mais estreitos e impossíveis de se imaginar. Mas ao mesmo tempo, vi a fé e a força do brasileiro superarem qualquer tipo de tempo. Qualquer tempo de qualquer tipo.

O que vi, senti e ouvi me conduziram a condição de espectador privilegiado. Pois apesar de estar apenas de passagem, pude enxergar de onde surgem os calos nos pés de quem trabalha dia a dia, sol a sol, sob o calor e a responsabilidade de sobreviver.

Nas estradas que passei vi os caminhantes indo e voltando, rezando e esperando. Vi as pegadas rasas, num chão seco e árido, que o vento logo se encarregava de apagar. Além disso, vi a fé nas igrejas que eles mesmos constróem. Senti o chão enlameado pela pouca água dos açudes. Caminhei carregando nas costas um paradoxo eletrônico em busca de uma simples conexao com o resto do mundo. Ouvi toadas roucas e canções tranquilas.

Naquele simples mundo, pude acreditar mais uma vez que ainda existe amor nos corações dos que se dizem humanos.