PEDÁGIO DE PASSAGEM!

O Homem é o maior predador de tudo o que existe que tenha vida como a conhecemos ou... Não! A sua ambição constante e inconseqüente para os frutos do Bem, percorre pelos “caminhos” dos seus irmãos e principalmente, da Natureza!

Na sua insensatez, vai despejando o seu lixo (qualquer que seja Ele) nos riachos e córregos, entulhando as margens em razão da força longitudinal das suas águas, desde a sua nascente em filetes até os mares e oceanos em ondas volteantes e caudalosas que, assim, mais e mais, manda o lixo recebido e herdado para as suas margens de passagens.

O Homem citadino se torna inapetente e imprudente, portanto, um inútil para a paz da natureza e, com isso e, por isso, para a sua própria paz e a dos seus assemelhados, jogando o seu lixo nas águas, ao ponto de considerá-las o descarrego da sua sujeira, por Ele produzida.

Às águas vem da límpida mina, nascedouro nas vertentes, de onde, normalmente, têm as nuances cristalinas e resplandecentes aos raios solares e, sempre, mitigando a sede de todos os que a procuram, canalizada ou, não!

Logo no seu início pelos declives das encostas, percorrem seperteando pelos agrestes, seus limítrofes, porém, trazendo o seu corpo límpido e refletindo as belezas do Céu e das suas margens, ainda sem as sujeiras, num trajeto pré-estabelecido e apoiado pela própria Mãe a... Natureza!

Às águas são incansáveis em seu trajeto, doando a vida e a abundância e, apesar de ter sido estável desde o seu nascedouro originário da mina, é a razão de ser e de estar de todos os animais e das plantações em geral, desde a modesta gramínea até as árvores frondosas.

Todavia, tão logo, jorrando, na maioria das vezes na calmaria, chega às povoações humanas (Vilas cidades etc.) começa a pagar um injusto pedágio ao dar aos homens parte das suas águas para a sua subsistência, porém, recebendo, em troca, o seu lixo imundo para a condução aos rios maiores, mares e oceanos.

Homens insensatos! Por qual razão, sendo conhecedores da ciência e suas vantagens, despeja a sua imundície nas águas que o beneficiam? Elas estão, apenas, ao seu serviço, na passagem constante por vocês, lhes dando sua água e, em resposta, recebem o seu lixo!

Eis um meu poema inédito e relativo ao texto supra:

A PASSAGEM

Por que, vil e insensato,

Entulhas-me às margens

Da infância/regato...

Ao mar da abordagem?

Por que, citadino inútil,

Lança-me o teu estorvo?

Será minha ajuda tão fútil

Que me julgas o teu corvo?

Venho da límpida mina,

Nascimento da vertente,

Trago águas cristalinas

Mitigante da tua gente!

Enquanto serpenteio o agreste,

Mantendo meu corpo imaculado,

Vou refletindo a beleza celeste

Em meu trajeto... Calculado!

Sou um viandante incansável,

Doador de vida e de fartura,

Apesar de ter sido estável

Sou razão de ser da criatura.

Mas, chegando às povoações,

Pago pedágio de itinerário:

Dando-te água aos borbotões,

Levando-te o lixo ao estuário!

Por que, tens tanta voragem,

Despejando-me tua imundície,

Estou apenas de passagem...

Dou-te água: dá-me... Canalhice!

Sebastião Antônio Baracho.

conanbaracho@uol.com.br

Sebastião Antônio Baracho Baracho
Enviado por Sebastião Antônio Baracho Baracho em 17/02/2008
Código do texto: T863130