O mundo que nos faz nus

Ainda que o tempo corrompesse todo sentimento ainda sim estaria de pé perante o mundo, o mesmo mundo que me pariu nu, sem pensamentos ou memórias, ainda que tudo desabasse aqui, acima de meus pensares, meus sonhos, ainda que eu acordasse em meio a pesadelos, ficaria de pé, o que me sustenta alem da carne, alem da alma, alem de crença, vai alem de meu entendimento. Sou forte por osmose. Sou fraco por humanidade. A estrutura do amor é como mastros e lastros fincados em areia movediça, sólidas estatuas feitas de pedra sabão, que não lavam sua própria imagem. Sonhos hoje que se tornam pesadelos amanha, grato fico ao mundo que me fez que a recíproca pode ser verdade, nem sempre, mas as vezes o é. Sou ainda pedaço imperfeito de ser, afinal, quem o é também? Tento então construir meus passos, um a um, somando dois novamente sozinho. De dois se faz um futuro, não, mentira, se faz sim só. O medo de estar só me deixou a tempo por falta de compreensão minha, alegou falta de discussão da nossa relação. Bem, a tempos não sabia entende-lo mesmo, faço votos que o tal medo da solidão encontre quem o entenda, e assim sejam felizes.

Meus sonhos que ainda eram meus, foram leiloados a preço de não sei o que, doados não foram, pois acredito que houve lucro com seu destino. Sonhos, hoje vejo o preço de sonhar, acreditar. O passado composto de erros não só seus, te cobra a divida como sim, fosse só sua. Sai caro sonhar. Caro. Vivo assim, por ai, preciso não dormir, manter o resto de minha alma acordado. Sem sonhos, nem meus, nem seus, não adianta não telo, não adianta telo se seu, melhor sem, melhor assim, se sonhos, sem pesadelos. Sem brincar de ser e não ser, faz tempo que não sou o que era, e ainda sim o mundo, aquele, que me fez nu, me cobra esta nudez, entendo então, que o mundo nos traz assim, sem nada, para nos dar o que acha devido, e sem condolências, nos tomar então, o que nunca foi nosso.