SAÚDE DE FERRO... MAS FERRO ENFERRUJA!

A saúde é algo que, quando temos, não damos a ela seu devido valor, porém, a partir do momento em que a perdemos, vemos o quanto ela nos faz falta, pois, em síntese, ela, somos nós, como um todo! Perdendo-a, o desespero vem, uma vez que começamos a vislumbrar um novo horizonte: sem cor, sem sol, enfim, sem vida. Somente conseguimos observar nuvens negras, com seus aterrorizantes relâmpagos e ensurdecedores trovões.

Para o possível restabelecimento da bonança neste horizonte substancialmente tempestuoso, ou seja, na recuperação incondicionalmente completa da saúde (que nem sempre acontece), ficamos na certeza absoluta de gastar verdadeiras fortunas, dignas de xeques sauditas e reis, com planos de saúde, clínicas médicas, seus profissionais e, não podendo ter o pecado de esquecer, os estabelecimentos hospitalares, cujos honorários, na maioria das vezes, ficam, contraditoriamente, pela hora da morte!

O que falar então dos excluídos socialmente, seres desigualmente desgraçados e desafortunados, os quais são maioria em nosso meio, pois residem no limbo da base linear da pirâmide social desse capitalismo liberal, desenfreado e selvagem?

Resta-lhes o consolo de rezar, e rezar muito, porquanto, pelo menos isto não lhes foi tirado, pois ainda não acharam um jeito de tributar a iminência da aproximação prematura da criatura com o Criador.

Assim sendo, joelhos ao chão, mãos postas encostadas ao peito e semblantes levantados aos céus. Para alguns, como forma de gratidão, por ter condições financeiras, e assim, conseguir manter sua divina saúde de ferro intacta, mesmo que temporariamente, pois o tempo é o senhor da razão. Entretanto, para muitos outros “com pés descalços”, implorar para que a terra lhes seja bastante leve, se por uma infelicidade, ou um verdadeiro azar caprichoso do destino, não encontrarem uma luz no final do túnel.