NEGÓCIO DA CHINA

No dicionário gaúcho, china: descendente ou mulher de índio, ou pessoa de sexo feminino que apresenta alguns dos característicos étnicos das mulheres indígenas; cabocla, mulher morena, mulher de vida fácil, esposa.

Quem viu a mini-série ¨A Casa das Sete Mulheres¨, da Globo, cuja trama se desenrolava em meio à Revolução Farroupilha, 1835-1845, talvez lembre que junto ao exército farrapo seguiam as mulheres de vida fácil. Fácil? Bem, não são muitos os exércitos, que se têm notícia, que foram à luta levando as chinas.

Num shopping em Porto Alegre, às vezes, fica mais fácil sair por dentro de uma loja destas ditas populares. Olhei, mais de perto, uma camisa, Made in China. Fui embora e, por curiosidade, outro dia, olhei outra roupa, Made in China.

Lembro dessas coisas pois no mês passado comprei uma camisa na Loja da RBK, que entre outras produz a camisa oficial do Internacional, feita no Brasil. Produto caro. Acho que exagerei. Esta não era do clube, apenas o tecido e o formato eram semelhantes. Ao chegar em casa, observando a etiqueta, lá estava, Made in Vietnam.

Dias depois, resolvo comprar um tênis e me surpreendo com os preços. Não era loja de vender produto falsificado e bons produtos de grifes estavam com preços entre oitenta e pouco mais de cem reais. Compro um ¨Diadora¨ e horas depois, olhando um pouco mais atentamente, Made in China.

Até pouco tempo produtos importados da China, do Vitnam, da Coréia, eram baratos e de qualidade discutível. Hoje, chegam bons artigos, vendidos em shopping. Comprando produtos importados estamos gerando empregos e riqueza, capital e trabalho, sendo redundante para ressaltar, no país de origem do produto.

Por estas e outras que lembrei das chinas. De tempos em que se falava de um certo chinaredo que havia na rua da zona do meretrício. E também de um tempo em que problemas com o ¨negócio da china¨ eram sexualmente transmissíveis e curáveis.

O Ricardo era um menino ingênuo como todos nós da mesma idade éramos naqueles idos dos anos 70. Certa vez, numa festa dominical, à tarde, conheceu uma china que com ele conversou e o deixou muito feliz. Naqueles tempos, os jovens que moravam próximos das nossas casas eram os guris da nossa zona. Perguntado sobre onde morava a jovem, respondeu querendo dizer que morava nas proximidades, mas citando a informação que recebeu sem maiores detalhes, ¨mora na zona¨.