A VELHA CALÇA US TOP

Hoje poderia ser um dia como outro qualquer, acordei bem disposta, feliz e cantando, atrasada para o trabalho, mas sem a preocupação de correr (pra que)?

Cumpri o meu ritual diário, e me preparei para colocar a roupa escolhida na véspera,

Um blazer e uma calça de cor sóbria, scarpins pretos e uma bolsa envernizada, sem esquecer de um pregador de cabelos também combinando com a indumentária, afinal, a função exercida pedia tudo isso.

Mas, de repente ouço uma música tão conhecida por todos, “Detalhes”, de Roberto Carlos, o trecho ouvido foi... A velha calça desbotada, ou coisa assim... “Imediatamente você vai lembrar de mim...”

Nossa, parei, como um robô desligado, sentei e fiquei a relembrar um tempo ido, mas nunca esquecido.

Reportei-me à Brasília, sete anos atrás, um dia de garoa, final de tarde, caminhava pela W3 Sul, destino, Praça do Índio... , hoje chamada de Praça Galdino Jesus dos Santos, que morrera queimado por jovens, no ano de 1997.

Estava a olhar o local onde o índio tombara, e sentada junto aos manifestantes, nem sentia a chuva cair, estava a meditar sobre a crueldade de algumas pessoas que para satisfazer seus momentos de loucura ou de puro tédio, queimam gente sem que haja motivo algum. A velha calça US TOP, desbotada, suja de barro vermelho, já que a praça ainda não estava pavimentada, resistia à chuva e me protegia do frio que caia sobre a cidade, em parceria com a jaqueta que também me aquecia.

Neste momento, lágrimas de saudade vieram aos olhos, e, depois de tanto tempo, senti vontade de vestir a minha dupla inesquecível, fui ao armário, e para minha sorte, elas estavam limpas, cheirando a “Confort”... Tentação à vista.

Coloquei de lado o meu terno de executiva, e, num frenesi... Peguei o meu jeans... Essa era a roupa do dia. Derramei os pertences da bolsa social, peguei minha mochila de tecido cru, coloquei tudo dentro, pronto, só faltava o meu sapato retrô...onde mesmo o guardara? Achei, limpei, passei anti-mofo...e pronto....than-than-than-than...de volta ao passado sete, a velha Adi entra em cena.

Agora, a melhor parte dessa seção “naftalina” Vesti a calça... e ela coube..."certinho", sem precisar deitar na cama, ficar sem respirar, ou mesmo, pular para vesti-la. Que alegria!!!!!!!Consegui!!! Mesmo depois de sete anos... A velha calça "encaixou" como uma luva, coloquei uma camiseta básica branca, a jaqueta, o cinto do meu coração, cabelos ao vento, e, estava pronta para ir ao trabalho.

Saí cantando, relaxadamente, só não assoviava porque nunca soube assoviar, mas estava imensamente feliz, o meu dia, com certeza, seria inesquecível.

Antes de começar o trabalho, fiz uma foto do meu velho Jeans, que mesmo desbotado, sem lycra, boca larga, não ficou a desejar, e, diga-se de passagem... Foi reverenciado por meus colegas.

E para finalizar, fragmentos do Jingle da US TOP.

“Eu não tenho medo, temos a idade do segredo... E cada um no seu lugar que a dança não pode parar... Vamos voar... A gente veste a roupa que se gosta... US TOP”

Adi
Enviado por Adi em 28/02/2008
Reeditado em 29/02/2008
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