A ILUSÃO DO PODER
A atração exercida pelo poder é enorme, especialmente para os que se sentem privados dele. Pelo poder os sindicatos fazem greve, os estudantes promovem desordens, os politicos encenam os mais ridiculos atos e fatos.
Estão sempre na ordem do dia, os escândalos no Paço Governamental. Ora é mensalão, ora dinheiro escondido na cueca, Valerioduto e agora, o mais recente, o caso dos cartões corporativos. Escândalo nenhum, por maior dimensão que seja, abala ou leva á reflexão um politico. Eles não sofrem o efeito da consciência moral.
Parece que não tem a faculdade de distinguir o bem do mal, de que resulta o sentimento do dever ou da interdição de se praticarem determinados atos, e a aprovação ou o remorso por havê-los praticado.
Os politicos demonstram ser capazes de lutar e até morrer por causa do poder; mas não poderiam ou não fariam tanto em relação ao prazer. O que será a mística do poder?
O homem é o maior manipulador, mas enquanto seu poder permanece individual não se diferencia dos outros animais. Quando o homem caçava com lanças, arcos e flechas, o equilíbrio ecológico não era alterado. Essa situação mudou quando o poder se tornou uma força impessoal utilizada à vontade pelo homem.
O aumento do poder é a história da civilização. A civilização e a cultura começaram com a domesticação de animais e o desenvolvimento da agricultura, isto é, com a produção de riqueza.
O primeiro e verdadeiro poder enfeixava-se nas mãos de um chefe e se baseava no seu controle sobre os excedentes de alimentos armazenados em seu domínio.
Através desse controle poderia exercer o comando sobre seus subordinados, que então dariam seus esforços em troca da segurança que ele oferecia.
A soma de poder à disposição do homem é assustadora. Acredito que tenha liberado um gênio que facilmente poderá destruí-lo se não compreender logo seu modo de agir.
Há um velho ditado que diz que o poder corrompe as pessoas.
Geralmente tem sido aplicado a governantes ou a indivíduos em posição de autoridade; maior exemplo desse nefasto poder vem de Brasília.
Contudo, o adágio expandiu-se o bastante para abranger todos os aspectos do poder.
Através do poder estamos aptos a fazer com que nosso ambiente seja mais bonito, com que muitas das tarefas cotidianas sejam facilitadas e nossos contatos com o universo alargados.
O poder intensifica e expande o ego humano, o que acarretará um desenvolvimento positivo se o ego permanecer identificado com o corpo e dirigido para a satisfação e a expressão de seus instintos naturais.
Não vai aqui nenhuma apologia da volta à natureza. Não iríamos, nem que quiséssemos, ignorar a força inserida no poder. Esse tanto pode ser construtivo, como destrutivo.
O poder carrega consigo a enorme responsabilidade de não ser utilizado para propósitos do ego. Em nossa ganância podemos destruir facilmente a beleza da terra. Na verdade não estamos muito longe disso.
Quando o poder enfeixa-se nas mãos de algum imbecil, a situação torna-se perigosa. Não importa se esse poder signifique dinheiro, automóvel de grande desempenho ou uma arma, o risco do bem-estar humano é grande.
A medida que nosso poder aumenta, as raízes do prazer devem se enterrar mais fundo e mais firmemente na terra.
Nessa direção se norteiam nossas esperanças.