Ser deixada em paz

Coletivo de sentimento.

Plural de emoção.

Aumentativo de sensatez.

Há dias em que me perturba a saudade.Saudade de pessoas,de lugares,de jeitos.

Há dias em que me massacra a carência.Carência de ares,de cores,de presenças salutares.

Tá foda de escrever.

Tá foda de entender.

Afinal,não vou entender,porque o que tenho que fazer é absorver mesmo.

Como aquelas imagens que balançam e sacodem primáriamente toda a liderança do sistema.

Estar longe,voando,sem nada nas mãos.

Aqui o ratinho não encontra o queijo.

O macaco não encontra a banana.

Medo.

O medo faz com que a velha coragem morra.

Faz com que a vontade interior fica presa - faz de tudo sua presa.

Letras e vidas.

Muitas letras.

Muitas vidas.

A presente não tem presente,não se presenteia.

Um microfone na mão esquerda,depois do cansaço na direita.

Cantar alto,até fazer o pé do coração tremer.

Tremer não de frio,não de covardia.

Tremer de prazer.

Uma moeda virada do lado da coroa.

A moeda não vai te dar uma canção que não soa.

Lactobacilos vivos passeam em meu estômago,me deixam yakulta.

Meu cheiro se propaga nas narinas.

Tenho cheiro de doce.E de carne de gente - estou encarnada.

Gosto de meditar na praia,e de filosofar no caos.

e gosto de ser deixada em paz.

Ludmilla Castro
Enviado por Ludmilla Castro em 29/02/2008
Código do texto: T880683