Cárcere Privado: Prisioneiros do Poder

O Brasil é um dos únicos países onde o cárcere privado facultativo é tolerável.

Nas ruas, vemos a imensidão de grades protetoras do mundo lá fora. Pessoas são carecidas da liberdade de ir e vir em nome da própria vida. Eu mesmo escrevo agora, entricherado entre quatro paredes, apesar de minha cidade não ser tão violenta. O seguro morreu de velho...

Temo por tais pessoas que se acham seguras. Temo, por causa da insegurança de nossas grades caseiras e fragéis a frente dos abusos daqueles que estão atrás das grades judiciais. Os privados da liberdade são mais livres do que nós. Isso não é engraçado, isso é perigoso.

Agora ninguém pode "relaxar e gozar". Fomos obrigados a nos proteger da hostilidade proporcianada pela corrupção carcerária e a cegueira de um governo submisso aos financiadores do crime... Quem paga imposto, morre. Quem paga pela maria-louca na prisão é rei. De quem é a culpa?

Segundo um grande compositor gaúcho, as grades servem para "nos dá garantia que morreremos cheios de uma vida tão vazia". Vazia de prazer, vazia de alegria. Cheia de insegurança. Alguém liga o celular lá na prisão e manda subtrair o mesmo aparelho do "Zé Ninguém" lá na rua, lutando pelo pão de cada dia. Somos seres sem escrúpulos. Ética no camando é o mesmo que cachoeira no Saara: só se vê de longe, quando se aproxima é miragem. Atrás do pó de arroz dos porta-vozes há um maquinário de desinformação. Ninguém se considera culpado por estar prendendo os cidadãos e libertando os verdadeiros mariginais da ordem. Só nos dão uma afirmativa cruel e real: estamos no mesmo barco; o mais forte vive...

As coisas podem até mudar e o mundo pode esquecer essa crônica, mas o caminho é longo. Na verdade, liberdade é ficção, seremos livres de verdade quando alguém fazer valer nossos direitos... e são 508 anos de desobediência... temos muito que aprender, e um tempo pra recuperar.

Até lá, nossa visão será limita por aquelas grades paralelas no portão lá fora.