Proteção  que desprotege
 
 
Ontem, após um telefonema e uma chamada de e-mail, comecei a refletir sobre a personalidade e o caráter das pessoas.
Sempre me vem à mente a palavra “berço”, mas nem sempre ele é o responsável absoluto pelos desvios.
Tem alguma coisa que vem de dentro, que nasce com a pessoa, faz parte dela, vem embutido.
Aí não existe “berço” que resolva a questão.
Voltando ao telefonema e e-mail do início, como pode um ser humano ter tantas “qualidades”?
Falta de escrúpulo, vaidade, racismo, preguiça, mentira, exploração, dependência, dissimulação, e outros tantos que não me recordo agora.
Houve o tal berço?
Claro que sim!
Porém também houve super proteção e mimo.
Então o peso fica por conta do receptor.
E a escolha pode ser desastrosa.
Não culpo aos pais pelos desajustes.
Nem sempre é possível acertar em tudo.
Mas os responsabilizo pela proteção que desprotege.
O desmame do ser humano é o mais demorado de todos os mamíferos.
Simbolicamente também, ou afetivamente, como quiserem.
A pessoa em questão é uma delas.
Teve berço, mas foi protegida pela proteção que desprotege.
Algum dia conseguirá o desmame?
Não sei, quem sabe?
A aprendizagem negativa do mimo está muito enraizada.
O fato é que essas pessoas tornam-se insuportáveis no convívio.
 E inevitavelmente acabam sozinhas.