Mulherão

Para ser mulher de verdade, não se requer carregar bandeira, queimar sutiã, bradar em praça pública. O radicalismo é primo-irmão da estupidez. A se empunhar alguma bandeira, que seja a branca, amor, não posso mais...

Não há por quê pretender ser perfeita, atender às expectativas surreais de pais, filhos, companheiros, empregadores... A nossa imperfeição natural já é mais que perfeita.

Mulherão não precisa ter um metro e oitenta de altura ou sonhar com pernas tão longas quanto as da Cláudia Raia. A estatura está no caráter, na generosidade, no prazer de ser e viver.

À Mulher com M maiúsculo não se exige esticar a pele, implantar silicone, preencher sulcos com botox, seguir dietas rígidas para se encaixar em padrões estéticos pouco flexíveis. Há que se enxergar inteira ante um espelho e gostar do que vê.

Não carece ter a força da Mulher Maravilha, o ardil da Mulher Gato ou dominar artes marciais como a Mulan. Quem disse que a força humana é bruta?

É desnecessário apresentar provas de inteligência, competência, ou bem querência. Vã insistência : quem somos aparece nos mínimos atos, falhos ou estudados.

Não é preciso ter os lábios cheios da Angeline ou o instinto selvagem da Sharon. Tudo tem seu tempo certo: para chegar na nossa cama, tem que passar pela sala.

Amélias abnegadas, Carolinas conformadas, Pagus liberadas, Paraíbas mulher macho, sim senhor. Cada qual no seu estilo : pessoas normais que, no enfrentamento gracioso do dia-a-dia, crescem e tomam grande envergadura.

Grande mulher é como recantista: seja amadora ou profissional, é sempre entusiasta.

Basta de estereótipos.

Somos todas o que somos: Mulherões.

Maria Paula Alvim
Enviado por Maria Paula Alvim em 08/03/2008
Reeditado em 27/06/2008
Código do texto: T892054
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.