UM DOMINGO QUALQUER
O dia estava lindo,o sol brilhava,a brisa do ar acariciou seus cabelos.Levantou-se ás 6,como sempre,como sempre dirigiu-se á cozinha,preparar o café matinal;que êle exigia que fosse no terraço,mesa posta,tudo ordenado e catita;flores no vaso,rosas ou cravos,perfumados e coloridos.
então,pôs o leite do cachorro,desceu com êle para um breve passeio e aproveitou para esfregar o chão da área de entrada.Estava no meio da escada,quando ouviu o chamado;êle acordara e procurava pelos chinelos:-vê se põe meus chinelos á vista,ô mulher,acordo e não os acho,não sei prá que prestas nessa casa.Ela apanhou os chinelos,calma,trouxe tambem os calções e a camiseta,serviu-lhe o breakfast,êle reclamou do pão,que não estava bem torrado.Emfim,êle saiu para a praia e ela voltou ao borralho,digo,lavou a louça,arrumou a cozinha,dispôs as coisas para preparar o almoço.Entrou no quarto para arrumar a cama,uma cama larga,confortavel,lençois imaculados,porém,triste,pois há muito só servia para dormir,e,ela sentia saudades das quentes noites de outrora,dos risos alegres,dos ais de amor.Eram gostosos aqueles tempos!Tinham chegado ao ponto em que marido e mulher viram parentes,a magia acaba,a rotina se instala,a vida perde o sentido,porque é o amor que motiva a vida;Não só o amor físico,há que se levar em conta o declinio das paixões,devido ao tempo;mas,não seria bom se houvesse um pouco de ternura,um bom-dia sorridente,um abraço,um olhar doce,um afago com as mãos;ela só recebiaordens,ralhos
ordens,desprezo,críticas,cobranças;parecia um urso amestrado:vá,venha,faça,cumpra,arrume,con
serte,costure,cozinhe,lave,passe,cuide,você não presta pra nada,é um atrazo de vida,não vale o que gasto consigo.Mas,ela se esmera,não quer ser pesada,êle não a deixa trabalhar,determina os dias de saída,como uma prisioneira,algemas de cristal.Ela procura sua vida,não encontra,onde será que a deixei,em que domingo perdido no tempo eu a perdi?Entrou na rotina do almoço,lavou o arroz,tirou ao filé da geladeira,ia prepara-lo,quando de repente,tão de repente que ela se assustou,lembrou-se que ontem foi um dia dedicado á mulher,ela queria almoçar num restaurante aonde sabia que êles distribuiriam flores-ela queria tanto ganhar uma rosa,uma rosa e um sorriso-mas,êle decidira ir a outro lugar-e,aí,de repente,veio o clarão,seu corpo reagiu,seu cérebro desabrochou,deu os comandos, ela apanhou algumas coisas,poucas,um pouco de dinheiro,soltou os cabelos,calçou havaianas,saiu porta afora sem um adeus,um bilhete ao menos,maria-vai-com as-outras,maria-mole,transformada em maria-da-penha foi buscar o seu destino.

Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 09/03/2008
Código do texto: T893465
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