CÉLULAS-TRONCO

Na última semana, os temas prioritários da grande mídia, caracterizados pelas práticas diversionistas, estiveram divididos entre a guerra “anunciada” que não sairia na América do Sul e o debate de “interesse nacional” sobre a questão do uso de células tronco embrionárias.

O Supremo Tribunal Federal começou a julgar uma ação direta de inconstitucionalidade contra o artigo 5º da Lei de Biossegurança, de 2005, que permitiu a pesquisa com células-tronco de embriões fertilizados in vitro e descartados. A lei proíbe o comércio e exige que sejam usados embriões inviáveis ou descartados há pelo menos três anos e que isso seja autorizado pelo casal.

Células-tronco embrionárias são capazes de se diferenciar em qualquer tecido no corpo, sendo uma aposta da medicina no tratamento de várias doenças hoje incuráveis. Para serem obtidas, elas requerem a destruição de embriões com poucos dias de existência. Existem embriões classificados como A, B, C, D. Os classificados como B e C apresentam alto grau de incidência de malformação fetal, são descartados, e os D, quando frescos, 6% fixam-se no útero, congelados, 0,8%. É o que diz a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Patrícia Pranke.

Embrião à disposição para pesquisa não tem casal que queira. Quem não o quer são os maiores responsáveis por sua produção, que autorizam, destruam.

A probabilidade de embriões congelados e sem viabilidade gerarem um ser humano é praticamente zero, diz Mayana Zats, pró-reitora de pesquisa da USP. O representante da Igreja diz que se a vida começa na fecundação, a pesquisa é inconstitucional, porque os destrói. O Estado não pode garantir ao embrião em pauta a possibilidade de vingar. Não há um útero que o queira receber.

O IBOPE aponta que 75% dos brasileiros são a favor do uso. Dispositivo Intra Uterino – DIU pode e não é notícia.

O que nem é questionado:

- Constitucionalmente, a lei autoriza (ou deve autorizar?) a produção de embriões que não serão utilizados?

Usar embriões que vão morrer mesmo para pesquisa é melhor que deixar que morram sem utilidade alguma. Uma questão a ser analisada é o incentivo à produção que isto está dando.

Alice Teixeira Ferreira, da USP, defende uma pesquisa intensiva de células-tronco adultas, como alternativa às embrionárias. Marcelo Mazzetti, da mesma universidade, “a pesquisa com células-tronco adultas resultou em 72 terapias eficientes”.

Células-tronco adultas podem ser encontradas em diversas partes do corpo humano. Porém, são mais utilizadas para fins medicinais as células de cordão umbilical, da placenta e medula óssea. Pelo fato de serem retiradas do próprio paciente, oferecem baixo risco de rejeição nos tratamentos médicos. Apresentam uma desvantagem em relação às células-tronco embrionárias: a capacidade de transformação é bem menor. Recente é a idéia de que essas células-tronco ‘adultas’ são não apenas multipotentes (capazes de gerar os tipos celulares que compõem o tecido ou órgão específico onde estão situadas), mas também pluripotentes (podem gerar células de outros órgãos e tecidos).*

Problemas mesmo, coisa grave, de deixar o cara uma semana sem saber o que fazer, com embrião, teve o Deodato. Naquela semana, se pudesse, descartava para pesquisa. A guria, de conduta duvidosa, que foi, por uns tempos, seu sonho de consumo, e com quem andou se divertindo, apareceu grávida e apontou, o filho é teu.

- Paguei metade do aborto, dizia, mas não tenho traumas.

O amigo questionou, e a outra metade?

- A outra metade pagou o outro possível pai!

O amigo continuou, e qual o bom motivo para não ter traumas?

Com um olhar que manifestava um sorriso safado, Deodato concluiu:

- Tava grávida, coisa nenhuma. Ficou com o dinheiro de nós dois.

*A Pesquisa sobre células-tronco e DIU foi realizada em diversos sites, após procura no google.