" Que Luz É Luz Se Sylvia Não For Vista?"

Um senhor inglês, do século XVII previu o que eu iria sentir séculos depois ao contemplar e amar a minha filha. Em Os Dois Cavalheiros de Verona, William Shakespeare disse o que eu teria dito com a genialidade dele, ao ver Sylvinha.

Em dois versos, o mais célebre dos escritores ingleses, diz o que penso todos os dias: “Que luz é luz se Sylvia não for vista?

Que alegria é alegria, se Sylvia estiver longe?".

Assim é Sylvinha para mim: luz e alegria. É ela minha fonte infinita de amor. Minha filha me deixa espantada com a sua maturidade e sua sensibilidade. Quase levito quando ouço elogios a ela.

Vinha, que tem muitos outros nomes para mim, é a filha única que vale por dúzias, quanto ao amor que eu sinto. Dividimos esse tesouro – eu e seu pai – que há um ano deu-lhe uma irmãzinha de presente. Agora ela tem status de filha única (de minha parte) e a alegria de curtir o crescimento de Maria Clara, que, diga-se de passagem, ainda não sei o que é minha, mas já gosto dela, independente de qualquer parentesco, afinal é irmã de Sylvinha.

Vinha tem umas coisas meio estranhas, apesar desse ar de fada Sininho. Às vezes, de uma hora para outra, troca os papéis e pensa que ela é a mãe. Nessas horas tenho que chamá-la a atenção e lembrá-la que a mãe sou eu. É que ela é ariana e leva tudo muito a sério. Perfeccionista, não pode falhar em nada. Preocupa-me esse lado dela, mas também me irrita, quando ela cobra de mim essa perfeição, que estou longe de alcançar. Esse docinho, que mora aqui em casa, dá conta de tudo: faz faculdade de Arquitetura, trabalha em um escritório muito bem conceituado, vai à academia (não puxou a mim) e ainda adora ser “assistente de produção” de Hadassa e Geo, no editorial de moda de uma revista de uma grande loja de departamentos.

Mas tem uma coisa. Se o convite for bom, ela esquece o cansaço e vai aonde Bruno chamar. Não. Eu não tenho ciúme de Bruninho, pelo contrário, ele é quase um filho, mas às vezes noto que ela está crescendo, basta ver o relacionamento deles: sinto uma mistura de alegria e saudade antecipada, porém, nunca podarei as asas da minha filhota. Ela sabe o que quer e isso me deixa encantada.

Sylvinha, ainda por cima, é linda, sabiam? Eu sempre achei e continuo achando. O pai também faz questão de dizer a todos, como se as pessoas não pudessem ver. Já deu para notar que fizemos tudo (intuitivamente) pela auto-estima dessa menina de 22 anos.

Minha filha foi abençoada por Deus, pois aonde chega ganha o carinho e o respeito das pessoas. Ela coleciona amigos de infância, amigos de faculdade e amigos do trabalho, fora os avulsos. E em todo aniversário é complicada a lista de convidados. Herdou o melhor da mãe e o melhor do pai. Sábia, minha filha descobriu logo que a felicidade da família não se romperia com a separação dos pais. Apesar da situação dolorosa, logo percebi uma Sylvinha mais leve e feliz. Ela sabia que não deixaríamos de ser uma família e que juntos cuidaríamos dela sempre.

Assim Sylvinha vai iluminando a vida de quem a conhece, seja a família dos amigos ou a do namorado; seja Valéria – a mãe de Clara –, com quem ela sempre se deu bem, e por isso eu passei a admirá-la. Eu já escrevi inúmeros textos sobre Sylvinha e escreverei muitos mais. Sempre falta alguma coisa para dizer.

Dessa vez quase deixei de falar que ela desenhava plantas de casas desde pequena. A vocação foi natural. Já falei da beleza, da dedicação, da inteligência e da sensibilidade. Falta dizer que, mantendo seu jeito próprio e gracioso, ela trata todos de forma igual. Dá gosto ver que criamos uma filha sem preconceitos.

Só falta repetir que a amo incondicionalmente, mesmo quando ela me olha de cara feia quando estou fumando. Babei, porque sou mãe, e ela é isso tudo.

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Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 09/03/2008
Reeditado em 08/01/2010
Código do texto: T893782
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