Estive em outra dimensão

Falar disso é meio que complicado, pois trata-se de um enfoque surrealista que, dado às condições em que ocorreu, apresenta-se como algo que talvez nem mesmo o próprio “Sigmund Freud” explicaria. Pois bem, nas linhas que se seguem veremos como esse fato verídico acontecera. O ano era 1.994 e nessa época exercia profissionalmente a função de Agente de Fiscalização e Arrecadação dos Tributos Estaduais de Mato Grosso. Havia terminado minha jornada de trabalho no Posto Fiscal de Cocalinho, após haver trabalhado 10 dias e 10 noites consecutivos. Exausto e um pouco sonolento, coloquei minha bagagem em meu automóvel, um Gol 1.8, novinho, pois era carro do ano e iniciei a viagem de retorno à minha residência.

Pelo trajeto escolhido teria que passar forçosamente pelo Posto Fiscal do Itacaiu, quase na metade do percurso. Pensava em pernoitar nesse Posto Fiscal e no outro dia prosseguir minha viagem para o destino final, as cidades de Aragarças e Barra do Garças, ambas na divisa de Goiás com Mato Grosso. Como chegara no referido PF já perto das 19 horas, estava mesmo decidido a pernoitar por ali mesmo. Enquanto conversava com meus colegas que ali trabalhavam sobre assuntos pertinentes ao fisco, fui surpreendido com um chamado no rádio, que, aliás, era nosso único meio de comunicação. Era minha esposa me reportando que nossa filha (de 14 anos) estava muito doente, com suspeita de pneumonia e que precisava de cuidados médicos e, por isso, iria pernoitar num hospital. De imediato avisei-lhe de que, apesar do cansaço, empreenderia viagem naquele mesmo instante.

Dito e feito. Preocupado, peguei a estrada de chão e acelerei com gosto. No trajeto havia um restaurante onde os caminhoneiros faziam suas refeições. Era um ponto de parada quase obrigatório naquele sertão sem fim. Estacionei ali e, como estava cansado e sonolento, solicitei ao proprietário daquele estabelecimento que providenciasse meio copo de Vodka para eu despertar o sono. Novamente na estrada, calculo que já tinha rodado pelo menos uns 40 km., depois daquela ultima parada. Foi ai que a coisa pegou.

O sono, o cansaço misturado com o efeito da Vodka, fizeram com que eu entrasse num estado de transe. Inexplicavelmente, sentia que meu veículo estava sendo conduzido por uma força misteriosa qualquer, pois no estado em que me encontrava, jamais conseguiria conduzir meu automóvel por mais alguns metros. Parecia flutuar e sentia-me como se estivesse dentro de uma canoa descendo um grande rio à noite.Relembro que a estrada era quase deserta e que cruzara somente com um carro Volkswagen com 4 ocupantes. Passados uma hora e pouquinhos minutos, bem assustado, me vejo desperto e já enxergando as luzes das cidades de Aragarças e Barra do Garças. O que me deixou mais intrigado foi a rapidez com fiz essa viagem e por saber que nesse percurso havia pelo menos umas 3 pontes de madeira, as quais não me lembro de tê-las transposto. Sinceramente, algo maravilhoso e extraordinário acontecera comigo. Fui mesmo ajudado por uma força providencial nessa viagem e, por isso, julgo que entrei em outra dimensão, se é que se pode denominá-la assim.

Amarú Inti Levoselo
Enviado por Amarú Inti Levoselo em 12/03/2008
Reeditado em 12/03/2008
Código do texto: T898491
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