Desocupada, eu?

Várias vezes por semana, quando chega a noite, me recrimino:” Não fiz nada hoje!”

O nada: mantenho a casa em ordem, lavo, recolho, dobro, guardo a roupa. Passo sempre que haja peças suficientes para me ocupar no mínimo, por 30 minutos. Esta tarefa está entre as atividades proibidas.

Olho o jardim, molho as plantas, replanto-as quando estão feias. Cozinho diariamente para três pessoas. Isso ocupa a maior parte da manhã. Aí está incluído ir ao supermercado.

Amigas e familiares reclamam porque dizem nunca me encontrar em casa.

Duas vezes por semana vou à fisioterapia. Ao banco, vou pelo menos uma vez por semana. Há mais algumas atividades “externas”, que ocupam várias horas semanais também.

Além disso, vejo TV (pouco), leio (muito), escrevo (agora mais raramente), e passo um bom tempo ao computador. Nele leio, faço pesquisas e, claro, também jogo cartas e outros jogos. Afinal, essa atividade é recomendada pelos geriatras.

Quando vejo que está anoitecendo, fico feliz porque se passou mais um dia.

É outra voz que me diz: “Não fizeste nada hoje!”. 12/03/2008