Atrás de uma vida nova

Foi como ver um casulo se rompendo, e a recém-nascida borboleta colocando as asinhas pra fora. Ou como estar olhando para um céu negro e surpreender-se com um pontinho que resolveu brilhar e cair, riscando o breu.

Eu vi o momento em que aquele rapaz se apaixonou, e foi assim: suas mãos estavam ocupadas, e seu pensamento também. Devia rodar um turbilhão em sua mente, porque o corpo se movia confuso.

Movimentos físicos provocados por mentes vazias lembram mais a inércia, enquanto aqueles das mentes decididas são muito objetivos. Os gestos daquele rapaz eram quase malabarísticos, ele estava em órbita no meio daquela calçada, sem saber se ia ou vinha.

Claro, na indecisão, alguém toma a dianteira. A menina decidiu passar naquele mesmo lugar, no exato momento em que o rapaz, indeciso e confuso, se atrapalhava ainda mais no espaço de tempo que separa sua mente de seu corpo. Digo decidiu porque parece ter sido assim, de caso pensado mesmo.

Os objetos que ele carregava ganharam vida e começaram a tentar sair correndo. Ele não ousou impedi-los, mas teve que controlar suas pernas para que elas não carregassem seu corpo pesado naquela mesma direção - a da menina. A expressão de seu rosto mudou claramente: de perdida para encantada. A fada o encantou, e seu mundo caótico começou a fazer sentido.

Quem estava ao redor, pode confirmar. Eu era uma destas pessoas, e vi, com estes olhos, um homem se apaixonando e correndo atrás de uma vida nova.

Voodevilish
Enviado por Voodevilish em 18/03/2008
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