O HOMEM QUE MUDOU O MUNDO

Quando já estava pronto para viajar, vestido em traje esporte, fui alcançado pelo meu amigo Dr. Antonio, grande advogado, que solicitou-me o favor de entregar uma petição ao juiz de uma cidade, circunvizinha. Prestei-me prazerosamente a socorrer o colega.

Ao chegar ao fórum, encaminhei-me ao gabinete do magistrado que me recebeu de cara emburrada. Recebeu e leu a petição para depois dizer-me com arrogância e austeridade:

- Da próxima vez que vier falar comigo, vista-se a rigor, doutor. Coloque um terno.

Causou-me espécie a reação do juíz, e assim, simplesmente lhe respondi que não estava em audiência e apenas prestando favor a um colega. Virei-lhe as costa e fui embora, não lhe dando chance de proferir mais uma asneira. Achei melhor lhe deixar falando sozinho, com seu ego, com seu umbigo ou com seu narcisismo. Quanta importância em tão pequeno invólucro!

O grande cientista Einstein, até a idade de três anos não falou uma única palavra. Aos nove tinha ainda tantas dificuldades de se expressar que seus pais temeram que pudesse ser retardado mental.

Na escola, um professor profetizou que ele não seria nada na vida.

Com apenas 26 anos, porém, publicaria sua Teoria Especial da Relatividade, uma das mais extraordinárias revoluções da história das idéias.

Einstern alcançou uma dimensão só comparável a do filósofo grego Aristóteles e à do físico inglês lsaac Newton.

Sua Teoria da Relatividade seria o marco fundador da Fisica contemporânea. com profundas repercussões em outros ramos da ciência. Ela daria a chave para a explicação da origem do Universo e para a desintegração do átomo.

Mas a bomba atômica foi a filha indesejada das elocubracões desse pacifista radical, um homem de bem com o mundo e a vida.

Einstein é sempre lembrado com seu jeito muito simples, um grande casacão que costumava abotoar até a altura do pescoço, sandálias que nunca abandonava e imensa cabeleira. Essa imagem, algo como a de um velho hippie, é registrada em incontáveis fotografias.

Os repórteres e fotógrafos não lhe davam sossêgo.

Ele mesmo ironizou certa vez o assédio dos fotógrafos ao preencher numa ficha de hotel, no quadro relativo a profissão, escreveu; modelo.

Dono de convicções protundamente democráticas, que o faziam tratar

qualquer pessoa com igual distinção, independente de posição social, raça ou riqueza, Einstein era tambem portador de modéstia verdadeiramente encantadora. Nada que lembre o magistrado citado acima.

O físico Banesh Hoffman, que em 1972 escreveu uma importante biografia dele, lembra-se que ao encontrá-lo pela primeira vez. estava muito nervoso por falar com um homem que era uma celebridade.

Einstein pediu lhe que expusesse suas idéias e acrescentou: - ‘‘Mas, por favor, fale devagar, pois tenho dificuldade em entender as coisas rapidamente”.

A frase teve um efeito mágico, deixando Hoffman inteiramente à vontade.

Como se vê, uma celebridade como o grande cientista não trazia consigo a imponência e arrogância que lhe caberia, quanto ao magistrado de importância rasteira, ostentava tudo isso. É a conhecida troca de valores, tão comum em nossos dias.

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 19/03/2008
Código do texto: T907214
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