UMA CONCLUSÃO ÓBVIA A RESPEITO DA MORTE

Um dia desses quaisquer, meu pai foi-se embora.

E eu nem sabia que o amava tanto. A verdade é que nunca quis

aceitar sua passagem. Espera aí! Passagem? Não, isso não existe.

Vou repetir certo agora: A verdade é que nunca quis aceitar

sua morte. Agora sim. Faz uns 15 anos que ele se foi.

O ano não guardei e nem guardaria. O dia e o mês eu sei de cor.

E naquele momento de sensibilidade explodindo, quando iam

fechar o caixão, pedi licença e coloquei em suas mãos os dois

livros que tinha publicado. Na dedicatória escrevi:

“Meu pai. Estas são as duas coisas verdadeiramente minhas

que poderá levar consigo. Aí estão meus pensamentos, meus

poemas, minhas alegrias e tristezas.”

O caixão foi fechado e aquele ser que me deu a vida,

foi-se embora para sempre.Depois de um tempo, foram-se embora tios e a minha mãe.

Antes disso já havia registrado o sumiço de amigos de colégio,

primos e tantos conhecidos. Tantos amigos.

Agora aqui, cabisbaixo e angustiado com tantas religiões que

se valem de jatos e bombas para agredir países...e países não são pessoas, fico me perguntando: a troco de quê?

Angustiado em ver só política na camada que cobre a fé.

Angustiado em perceber que os seres humanos hoje, são muito, mas

muito piores que seus ancestrais.

Revoltado com a falsidade de alguns senhores que estão no poder

e que parecem se divertir com as agruras por que passam seus semelhantes, cheguei a uma conclusão óbvia a respeito da morte.

A morte é a morte e fim. Não conheço ninguém que tenha voltado e dito para mim: voltei, reencarnei, ressuscitei.

Nem Jesus, nem Hitler, nem ninguém que o valha.

Fé? Claro que eu tenho fé. Na vida.

Enquanto ela existir.