Vergonha na cara

Vergonha na cara é algo que aprendi com meus pais.

E a coisa sempre foi muito séria para mim.

Tanto que não consigo aceitar quem não a tem.

Vergonha na cara é desconfiar que seja chegada a hora de partir.

Ou então que você “sobrou” mesmo.

É não invadir, desrespeitar.

Ter vergonha na cara é perceber inconveniências.

Não forçar a barra.

Nem aborrecer quem está quieto.

Ou mesmo cumprir o que se promete.

É não julgar sem motivos concretos.

Não explorar.

Ter vergonha na cara é não ser preconceituoso.

Não aproveitar da fragilidade do outro em benefício próprio.

Ter vergonha na cara é tudo isso...

É assumir compromissos que possam ser cumpridos.

Ser autêntico e honesto.

Sim, por que ter vergonha na cara não é para qualquer um.

E está fora de moda.

Não ter vergonha na cara é negar a verdade, mentir.

Chorar com vontade de rir.

Trapacear.

Ter vergonha na cara é ter caráter, moral.

Coisa rara, não?

Pois é.

Mas não dá para evitar.

Em algum momento a máscara cai.

A fachada aparece.

E o “ser” sem vergonha na cara se desnuda.

E tem duas alternativas:

Ou “cria” vergonha na cara ou acaba sozinho.