Àguas de Março.

Enfim chove. Não em mim, mas na cidade. São as águas de Tom fechando o verão, trazendo promessa de vida aos corações.

Desculpem se mexi no intocável. Ninguém brinca com o que Tom Jobim consagrou. Apenas me inspiro e me arrisco a não ser incompreendida.

No entanto, nada define melhor o que sinto do que os versos de Água de Março. A chuva que vejo e ouço; a luz que adentrou o meu quarto num lindo relâmpago e o som do trovão, que me lembra a infância, trouxe-me a esperança e a renovação que a chuva sempre traz.

Agora chove onde deve chover. Em meu coração que já estava inundado parou de chover, na hora certa, deixando o campo fértil.

Separei a tempo as sementes. Plantei apenas as boas. Agora espero flores e amores, brotando nos canteiros e no meu coração.

Quero olhar a vida com o olhar do sertanejo que para ser feliz , basta ver o céu se preparando para chover. E quando chove é o céu que os abençoa.

Aqui, onde só há duas estações. Essas àguas fecham o verão , lavam ruas, almas e fachadas. Refigeram corpos e espíritos que ardiam ao sol inclemente.

Nessa noite, deito-me tranquila, como há muito não me sentia. Aconchego-me na cama e embalo meus sonhos na melodia da chuva que cai.

Que venham as flores, agora tenho ânimo para esperar.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 26/03/2008
Reeditado em 26/03/2008
Código do texto: T916778
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