"Sílvia Calabresi Lima, a Pedagoga" = Crônica de Esclarecimento Sobre a TORTURADORA

Devido à imensa má vontade de toda a imprensa, que alardeou para o país inteiro a pretensa maldade de Sílvia Calabresi Lima, injustamente taxada de torturadora, e até agora sem um mínimo de direito de defesa, ninguém, a não ser eu, percebeu que ela estava apenas ensinando à menina tudo que podia sobre a vida. Prova disso foi sua frase: “Em minha cabeça eu estava ensinando a ela”. Essa frase foi suficiente para que eu parasse e pensasse. Pensando muito, procurando ter toda a isenção do mundo, cheguei à conclusão de que ela estava realmente dando à menina ensinamentos valiosos. Valiosíssimos, aliás.

Quando ela apertava com alicate o polegar da criança não era tortura. Ela estava apenas fazendo com que a menina se lembrasse que devia mantê-lo sempre para cima, em um sinal claro e inequívoco de “positivo”. Ou seja, a mocinha estava aprendendo a pensar positivamente;

Quando espremia com alicate seu dedo indicador, a lição está na cara, coisa óbvia: estava mostrando à garota que não se deve apontar os defeitos alheios. A jovenzinha devia depreender daí que não se deve julgar para não ser julgado;

Quando comprimia os dentes do alicate em seu dedo médio estava apenas dando um alerta de o quanto é feio para uma pequena fazer gestos obscenos;

Quando o alicate procurava ajuntar suas pontas, tendo o dedo anular da pequena serviçal entre eles, o recado era claríssimo: pense muito bem antes de colocar aí uma aliança de compromisso;

Quando o alicate procurava unir a unha à carne do dedinho mínimo, a pobre aluna estava recebendo um importantíssimo ensinamento, talvez o mais importante de todos: não se aborreça com pequenas coisas;

Amarrar a empregadinha com os braços para cima foi a maneira pedagógica que Sílvia bolou para ensiná-la a jamais reagir a um assalto. Ao menor sinal de perigo ela se lembrará de imediato de jogar as mãozinhas em direção ao céu;

Puxar a língua da pré-adolescente com alicate foi o ápice da carreira da pedagoga. Que outra criança poderá dizer que aprendeu a controlar a língua de maneira tão eficiente? Ela jamais olvidará tal ensinamento: em boca fechada não entra alicate. Nem mosca;

Uma queimadinha ou outra com ferro quente foi o alerta para os cuidados que ela deve sempre tomar no verão, principalmente nos horários de sol mais quente, mais perigoso, mais maléfico à sua tão cuidada e preservada saúde;

Dormir na área de serviço, sem uma coberta sequer, foi para que ela aprendesse a dar valor ao mínimo de conforto que os pais lhe ofereceriam quando, e se, voltasse viva para sua casa.

Grande pedagoga a dona Sílvia.

======Adendo a este artigo: UMA LEITORA INDIGNADA:

Uma leitora enviou-me um e-mail no qual expressa a indignação que lhe causou meu artigo acima, “Sílvia Calabresi Lima-Crônica de Esclarecimento Sobre a TORTURADORA”. Perguntou-me como é tenho a coragem de fazer uma brincadeira a respeito de tão horrendo assunto.

Concordo plenamente com ela que seja um fato horrendo uma mulher adulta, mãe de filhos adultos, uma empresária bem sucedida, em plena posse de suas faculdades mentais, torturar uma pobre e indefesa criança. Não há aí nem o que discutir, mas tenho que discordar, e discordar de maneira absoluta, quando ela diz que fiz uma brincadeira a respeito do fato.

Creio que faltou a essa leitora uma coisa chamada discernimento. Creio que no momento em que ela leu meu artigo, indignada com o fato que nos deixou a todos nós chocados, não pensou duas vezes antes de demonstrar sua indignação contra mim, felizmente injusta. Não discerniu, na hora, uma ironia amarga de uma vulgar brincadeira. Uma vulgar brincadeira que eu não faria com tal assunto que tanto me comoveu e que comoveu milhões de pessoas em nosso país.

A respeito desse monstro chamado Sílvia Calabresi Lima, publiquei pouco antes um acróstico, com o nome dela completo, e um outro artigo com o título “Câmera Oculta- Gênero de Primeira Necessidade – Crônica de Indignação”, nos quais demonstro sobejamente quanta revolta essa mulher me causou e continua causando à medida em que aparecem novas denúncias contra ela, a praticante contínua de maldades contra seres indefesos.

Recomendo, portanto, a essa leitora, que procure conhecer um pouco mais dos escritos de qualquer um de nós do Recanto das Letras antes de atirar sua primeira pedra. Desse jeito “enfraquece a amizade”, como diz o sr. Juvenal Antena.

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 26/03/2008
Reeditado em 28/03/2008
Código do texto: T916786
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