Fim de Semana na Fazenda

Brincar de esconde-esconde com os passarinhos, sair e andar na mata com a máquina fotográfica. Transpor as barreiras dos medos solícitos, e pular as cercas que não te protegeriam de algum bicho. Percorrer as estradas, seguir algumas trilhas, desviar dos cupins e observar uma ou outra árvore que se destaca na imensidão verde que compõem a mata. Cerrado, de transição. Amazônia Legal.

Casais de Araras, trios, quartetos, azul e amarelas, tucanos pretos, coloridos, recheados, daria uma bela foto, mas se escondem, não os percebo, quando me solto e, mudo a direção do pensar, eles aparecem, sobrevoam sobre mim e se encostam no galho mais alto, ou no médio.

Voltar pra casa e enfrentar o chuveiro, de água fria, da caixa, que sai como uma bica e restaura todo e qualquer cansaço.

Andar a cavalo, sentir seus passos...Se soltar e deixar o boné pra trás. Hora de galopar baby, e ai de quem gorar o tombo, aqui você se segura em Deus e por marcha ré, sem medo de bater em algum toco.

E olha que tinha vários, inúmeros mesmo, buracos, serpentes e cachorros, e no meio de todos eles eu guiava, guiava o carro como se fosse a primeira e última vez que o faria. (Mentira, é apenas uma das primeiras, ainda farei isso muito melhor e mais vezes, SE deus quiser é claro). Atenção redobrada, olhos lá na frente, uma leve piscada, não vem ninguém, trânsito livre, estrada.

“Vai dar uma boa motorista”, os ouvi dizerem, assim baixinho, como se não fosse para eu me convencer disso.

Pus terceira, voltei pra quarta, diminui no quebra mola e chega! o caminhão já passou e minha missão está cumprida, pode retomar o volante papai que pro trecho principal ainda não estou preparada, melhor contar com a voz da experiência. Visão, faro e paciência.

Mas entre todas essas aventuras, pequenas, e grandes, houve uma em particular. Eu sujei minhas mãos de sangue.

Ela se debatia com força e eu segurava seus olhos. Empunhei seu pescoço para trás e esfreguei a faca em sua garganta. Ela gemeu e tentou bater as asas. Muito presa para conseguir escapar. -Não farei como daquela vez, aos 10, 11 anos, quando o bicho ainda vivo, cercado de pena e sangue saiu correndo pelo pasto a gritar sua agonia.

Desta vez não. Eu definitivamente a mataria. Assim, sem pensar, a sangue frio.

Relaxei os músculos da face e passei a faca. Desta vez foi pra valer. Eu matei a galinha.

Stéphanie
Enviado por Stéphanie em 27/03/2008
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