Meu Pé de Acerola

Meu pé Acerola

Depois de anos morando em apartamento, eu e minha família, fomos morar em uma casa com jardim.

Entusiasmo geral... Não só pelo jardim, bem como, pela liberdade que a mesma nós proporcionava.

Tínhamos a amplidão do visual, já que nossa casa estava situada no ponto mais alto de um condomínio, cercada por terrenos ainda virgens, onde a vegetação e as árvores ofereciam farto abrigo aos mais variados pássaros, e.. como nada é perfeito: muitos insetos.

Atualmente já não há terrenos vazios.

A sensação de liberdade era prazerosa!... A não ser, pelos dias de tempestade, quando os relâmpagos cobriam o céu e clareavam toda aquela amplidão, dando-nos a real dimensão do ser humano, e sua fragilidade diante da força da natureza.

Tudo era novidade, principalmente para os mais jovens. Alegria geral!

A pergunta era: o que vamos plantar no jardim?

Todos opinavam...

Entretanto, pairava a dúvida, comum àqueles que pouco sabem, muito querem, e têm medo de errar.

Rosas?...Hortênsia?...Hibiscos (que fiquei sabendo, ser conhecido popularmente como: graxa de estudante; já que este, sem dinheiro para fazer uso da graxa adequada, mantinha seus sapatos brilhando após esfregar as folhas da dita planta). Segundo Sr. Sebastião, o velho jardineiro, dava resultado excelente!

Para os tempos atuais, pouca serventia teria, já que, os sapatos de couro cederam lugar aos mais variados tipos de tênis, e a maioria dos estudantes estão mais preocupados com a marca do que com seu brilho.

Retornando a seleção, para o encantamento do tão sonhado jardim, resolvi de maneira ditatorial, que deveríamos ter um pé de acerola..

Acerola?!...Fruta no jardim?!...Jardim é lugar de flores...! Todos argumentavam.

Porem, desta vez, não abri mão de meu intento.

Comprei uma muda de acerola!

Num canto do jardim, rico em raios de sol, plantei o meu sonho de ter uma árvore frutífera no jardim.

Muitos lançavam olhares negativos.

Indiferente, a bela muda ia crescendo, tomando sua forma arredondada. Dia apos dia eu a observava... Aos pouco ela adquiria postura de uma mine árvore, com seus galhos espalhados e suas folhas miúdas..

Certo dia, nossa cachorrinha (uma estranha vira-lata, com um olho de cada cor, encontrada ainda filhote, doente, perambulando à noite pela estrada; que meu filho, movido de pena e simpatia, trouxera para casa, há uma da manhã, como um “lindo presente de grego”), depois de algumas fugidas, para conhecer o mundo e fazer jus à alcunha de vira-lata, começou a engordar e a ficar mais adulta.

Não havia dúvida, mais alguns dias e teríamos filhotes em casa.

Como seria quando chegasse à hora? Aonde ela iria ficar? Todos se movimentavam... Arruma aqui e ali: caixa e caixote. Tudo pronto...

O dia chegou!.. E para surpresa geral, a mascote e guardiã da casa, recusou nossa ajuda. Foi se esconder num cantinho, embaixo do pé de acerola, onde se sentia protegida por seus galhos baixos. Ali ficou por vários dias. Nada a afastou do lugar escolhido; nem a chuva miúda, nem o sol ou o sereno.

Cinco filhotes, que foram distribuídos a “amigos”, para pesar de todos

O pé de acerola passou a ser ponto de referencia.

No verão seguinte, descobrimos em seus galhos algumas flores, que dariam origem a seus primeiros frutos.

Hoje temos o prazer de ter em nosso jardim, praticamente durante todo o ano, um pé de acerola, cujos galhos carregados de frutinhas vermelhas, mal sustentam tanto peso.

As crianças da casa e da vizinhança se fartam de saborear e encher seus bolsos, enquanto os pássaros cantam e fazem à festa.

Com alegria, admiro e me pergunto!

Não será isso felicidade?!...

Lisyt

Lisyt
Enviado por Lisyt em 29/03/2008
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