Quando o Fim é o (Re) Começo
“ Nosso sonho
Se perdeu no fio da vida
E eu vou embora
Sem mais feridas
Sem despedidas
Eu quero ver o mar...”
Chegando á noite do trabalho, me deparei com uma cena que não saiu mais de minha cabeça. Um carro de policia dentro de um condomínio fechado chama a atenção, principalmente quando se tem filho pequeno zanzando no parquinho. Indaguei ao porteiro:
- Nada não. É que um pai não devolveu a criança na hora marcada e a mãe chamou a polícia – respondeu como se fosse fato corriqueiro.
Na porta do prédio, crianças de olhinhos arregalados aguardavam o desfecho. O pai do amiguinho sairia algemado, preso, sendo espancado, especulavam.
Olhei desolada a excitação deles e continuei meu caminho de coração apertado. O drama que se desenrolava não me levou a pensar em quem tinha ou não razão na questão, mas na criança de quatro anos sendo o objeto da disputa. A moeda de troca. A arma e o escudo.
Sempre observei e refleti sobre casais em crise, pois já convivi com tantos em processo de rompimento, que perdi a conta. Histórias próximas, distantes, reais. Histórias, quase sempre, dolorosas, mal-resolvidas.
Ao me deparar com cenas como aquela, penso que algum dia aquele casal morou junto, beijou na boca, fez filho, compartilhou sonhos, lençóis e contas. Agora são inimigos íntimos, declarados, o campo de guerra é vasto e assustador.
Conversando sobre a questão com a amiga INGRID GERBASI, poetisa também deste Recanto, que prontamente enviou-me do alto da experiência de duas separações a seguinte contribuição:
“Acreditar que é possível passar pela etapa da separação sem sofrer é besteira, qualquer que tenha sido a duração do casamento. Obviamente que, quanto mais tempo juntos, quanto mais coisas conquistadas e compartilhadas a dois e, sobretudo, quando o casal tem filhos, a situação tende a ficar ainda mais complicada.
E, se o casal tiver bens para partilhar ou uma pensão a ser estipulada, multiplicam-se os transtornos. Uma verdadeira exibição de fatos íntimos que vem à tona, uma exposição de roupa suja lavada em folhas de um processo litigioso, capaz de acabar com o emocional de qualquer mortal. Basta isso e passam de cúmplices a estranhos, inimigos ferrenhos, feito gladiadores na arena de leões.
Como sobreviver a mudanças tão radicais? Passam-se tantos anos com a ilusão de que essa pessoa é alguém com quem se pode contar de verdade, dividir planos, sonhos, medos e inseguranças e de um momento para o outro tudo se desfaz. Com o rompimento, esse mundo aparentemente confortável, desmorona, perde-se o referencial, o eixo. Em situações como essa deveria se encarar tudo com imparcialidade, pois o ideal seria esperar atingir certo grau de estabilidade emocional para se resolver qualquer questão, mas isso não acontece de um dia para o outro.
Contudo, a separação quase sempre está relacionada ao sentimento de rejeição e fica mais difícil ainda quando a ex- cara-metade aparece com um alguém mais jovem. Se já passamos dos quarenta, ficamos com a auto-estima em frangalhos, achando que a vida está sendo cruel e que ninguém nunca mais nos olhará como seres capazes de se relacionar novamente.”
A saída? Procurar ajuda e encontrar forças dentro de nós. Em alguns casos teremos mesmo que procurar uma terapia para tentar recuperar o amor-próprio e a felicidade perdida."
" Nossas juras de amor
Já desbotadas
Nossos beijos de outrora
Foram guardados
Nosso mais belo plano
Desperdiçado
Nossa graça e vontade
Derretem na chuva...”
Acredito que tudo que envolve sentimentos deve ser tratado com cuidado e delicadeza. O amor acabou? Sofre-se, mas não é o fim do mundo.
Pergunto sempre a amigos e amigas que viveram situações de rompimento o que vem depois do amor e as respostas não me surpreendem. Depois do amor quase sempre vem a raiva, a mágoa e, às vezes, o ressentimento, a tristeza, a auto-estima estilhaçada. Mas, depois do amor, também vem a possibilidade de amar de novo.
E, esperançosa de carteirinha e romântica inveterada repito Elisa Lucinda: ”Minha esperança é imortal”! Acredito na possibilidade de homens e mulheres refazerem suas vidas. Acredito também que é possível terminar uma relação outrora de afeto com dignidade, sem tantos e sangrentos arranhões. Acredito que, quem age assim, crescerá aos olhos de todos e, principalmente, de si mesmo.
“Um costume de nós
Fica agarrado
As lembranças e os cheiros
Dilacerados
Nossa bela história
Está no passado
O amor que me tinhas
Era pouco e se acabou...
Se voltar desejos ou se eles foram mesmo
lembre da nossa música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música..."
*Obrigada Amiga Ingrid Gerbasi pela valiosa contribuição.
*Obrigada VANESSA DA MATA, pela MÚSICA, fonte de inspiração para esta crônica.
“ Nosso sonho
Se perdeu no fio da vida
E eu vou embora
Sem mais feridas
Sem despedidas
Eu quero ver o mar...”
Chegando á noite do trabalho, me deparei com uma cena que não saiu mais de minha cabeça. Um carro de policia dentro de um condomínio fechado chama a atenção, principalmente quando se tem filho pequeno zanzando no parquinho. Indaguei ao porteiro:
- Nada não. É que um pai não devolveu a criança na hora marcada e a mãe chamou a polícia – respondeu como se fosse fato corriqueiro.
Na porta do prédio, crianças de olhinhos arregalados aguardavam o desfecho. O pai do amiguinho sairia algemado, preso, sendo espancado, especulavam.
Olhei desolada a excitação deles e continuei meu caminho de coração apertado. O drama que se desenrolava não me levou a pensar em quem tinha ou não razão na questão, mas na criança de quatro anos sendo o objeto da disputa. A moeda de troca. A arma e o escudo.
Sempre observei e refleti sobre casais em crise, pois já convivi com tantos em processo de rompimento, que perdi a conta. Histórias próximas, distantes, reais. Histórias, quase sempre, dolorosas, mal-resolvidas.
Ao me deparar com cenas como aquela, penso que algum dia aquele casal morou junto, beijou na boca, fez filho, compartilhou sonhos, lençóis e contas. Agora são inimigos íntimos, declarados, o campo de guerra é vasto e assustador.
Conversando sobre a questão com a amiga INGRID GERBASI, poetisa também deste Recanto, que prontamente enviou-me do alto da experiência de duas separações a seguinte contribuição:
“Acreditar que é possível passar pela etapa da separação sem sofrer é besteira, qualquer que tenha sido a duração do casamento. Obviamente que, quanto mais tempo juntos, quanto mais coisas conquistadas e compartilhadas a dois e, sobretudo, quando o casal tem filhos, a situação tende a ficar ainda mais complicada.
E, se o casal tiver bens para partilhar ou uma pensão a ser estipulada, multiplicam-se os transtornos. Uma verdadeira exibição de fatos íntimos que vem à tona, uma exposição de roupa suja lavada em folhas de um processo litigioso, capaz de acabar com o emocional de qualquer mortal. Basta isso e passam de cúmplices a estranhos, inimigos ferrenhos, feito gladiadores na arena de leões.
Como sobreviver a mudanças tão radicais? Passam-se tantos anos com a ilusão de que essa pessoa é alguém com quem se pode contar de verdade, dividir planos, sonhos, medos e inseguranças e de um momento para o outro tudo se desfaz. Com o rompimento, esse mundo aparentemente confortável, desmorona, perde-se o referencial, o eixo. Em situações como essa deveria se encarar tudo com imparcialidade, pois o ideal seria esperar atingir certo grau de estabilidade emocional para se resolver qualquer questão, mas isso não acontece de um dia para o outro.
Contudo, a separação quase sempre está relacionada ao sentimento de rejeição e fica mais difícil ainda quando a ex- cara-metade aparece com um alguém mais jovem. Se já passamos dos quarenta, ficamos com a auto-estima em frangalhos, achando que a vida está sendo cruel e que ninguém nunca mais nos olhará como seres capazes de se relacionar novamente.”
A saída? Procurar ajuda e encontrar forças dentro de nós. Em alguns casos teremos mesmo que procurar uma terapia para tentar recuperar o amor-próprio e a felicidade perdida."
" Nossas juras de amor
Já desbotadas
Nossos beijos de outrora
Foram guardados
Nosso mais belo plano
Desperdiçado
Nossa graça e vontade
Derretem na chuva...”
Acredito que tudo que envolve sentimentos deve ser tratado com cuidado e delicadeza. O amor acabou? Sofre-se, mas não é o fim do mundo.
Pergunto sempre a amigos e amigas que viveram situações de rompimento o que vem depois do amor e as respostas não me surpreendem. Depois do amor quase sempre vem a raiva, a mágoa e, às vezes, o ressentimento, a tristeza, a auto-estima estilhaçada. Mas, depois do amor, também vem a possibilidade de amar de novo.
E, esperançosa de carteirinha e romântica inveterada repito Elisa Lucinda: ”Minha esperança é imortal”! Acredito na possibilidade de homens e mulheres refazerem suas vidas. Acredito também que é possível terminar uma relação outrora de afeto com dignidade, sem tantos e sangrentos arranhões. Acredito que, quem age assim, crescerá aos olhos de todos e, principalmente, de si mesmo.
“Um costume de nós
Fica agarrado
As lembranças e os cheiros
Dilacerados
Nossa bela história
Está no passado
O amor que me tinhas
Era pouco e se acabou...
Se voltar desejos ou se eles foram mesmo
lembre da nossa música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música..."
*Obrigada Amiga Ingrid Gerbasi pela valiosa contribuição.
*Obrigada VANESSA DA MATA, pela MÚSICA, fonte de inspiração para esta crônica.