Zero horas

São zero horas, cada um está em sua casa, no fundo de sua casa protegida contra a chuva. E ninguém ama ninguém.

Contos e pontos de amargura, são as coisas que eu escrevo. Hoje no ônibus nada me interessou. Estava molhada e triste. Minha vida não é difícil de se entender; estou sozinha e assim permanecerei.

"Solidão apavora

tudo demorando em ser tão ruim..."

Nada mais me importa na minha cama morta, sob essa chuva morta que é o choro de um deus morto. Vida morta, morta vida severina. Sei que nessa madrugada o tempo não vai passar, não vou dormir bem, no final é sempre assim. Meus pesadelos eu tenho acordada, faz 18 anos.

São zero horas. E minha contagem foi regressiva.