[Quando descobri como a vida realmente é]

Já falei e repeti, já cansei de tanto dizer, expulsar de mim, essa sensação de estar preso, acorrentado a algo que não quero, não sei mais o que fazer, tudo que eu queria era viajar, viajar para os montes mais distantes, pra um país não habitado, uma terra desconhecida, tudo que eu quero é mudar de vida, ninguém agüenta por tanto tempo um peso exorbitante, uma vida desgostosa, sem prazer, só viver por viver, eu só queria viver, viver feliz, sem receio, sem medo, livre da culpa e da amargura, livre dos pecados, dos meus erros do passado.

Eu quero perdoar sentimentos antigos, sentimentos reprimidos, que me causam dor, que fazem doer meu coração, cada vez que neles penso. Eu quero, é sério! Eu preciso perdoar, eu necessito botar pra fora tudo isso que me incomoda, eu não quero mais dá bola, mas como fazer isso? Já tentei e re-tentei. “Até palavra nova inventei”.(rs). Mas a dor continua, vem doer assim, nua e crua, sem dó.

Mas, você deve esta se perguntando agora, do que ele tanto fala? Vou suprir sua curiosidade.

Tudo começou quando ainda pequeno era, um ser ainda na infância, na inocência, que acumula sonhos e em seu coração se sentia seguro, por que ao seu lado havia um pai e uma mãe, uma família com problemas, mas, que lê passa segurança, esperança.Mas aí aconteceu o acontecido, o seu mundo de vidro se quebrou, tudo desmoronou, esperanças acabaram, sonhos se perderam no meio dos cacos.Seu pai, seu herói, seu ponto de referencia, seu porto seguro, havia os abandonado, uma família tinha deixado de lado.Minha mãe muito forte tentou passar pra nós que ainda tínhamos uns aos outros, que poderíamos ser uma família feliz e que ainda poderíamos sonhar, mas aos poucos tudo começou a mudar, não lá fora, mas dentro de mim, uma magoa tomou conta do meu ser, meu pai, que tanto respeitava e me esmerava, foi se revelando uma pessoa horrível, pois se esqueceu de seus próprios filhos.

Aos treze anos de idade a vida se revelou a mim, eu pude ver que o mundo não era como pensava e enxergava, tudo era diferente, sem a beleza que antes via. A vida mostrou seu lado mais sombrio, e me forçou a crescer, sem querer, ainda era novo tinha muito que aproveitar de uma infância que a vida estava a me roubar. Minha mãe mesmo depois de ter tido três filhos, ficara grávida de um quarto, mas tudo não era tão simples assim, teve que ser internada estava com uma gravidez de risco. Então, ficou eu e meus outros dois irmãos na casa de parentes, meu pai não cuidou da gente, eu e meu irmão que é especial, uma criança linda e pura, mas com uma deficiência, que eu gosto de dizer que é a diferença que o faz ser tão lindo e único, meu irmão é tudo pra mim, mas enfim, ficou só eu ele na casa de um tio, irmão de minha mãe, e minha irmã na casa de um outro tio também irmão de minha mãe. Passavam-se os dias e queria por que queria minha mãe de volta, por que por mais que meus tios tentavam nos acolher como se fossemos seus filhos, não era a mesma coisa, eu queria minha mãe, meu pai, meu quarto, queria minha vida de volta, foi quando recebi a noticia, minha mãe havia recebido alta, meu coração pulou de alegria, mas que pena que mais tarde eu iria ficar sabendo que não seria bem assim...

Meu irmão menor nasceu no dia 09/06/1998 eu nasci no dia 13/06/1986, minha mãe e meu irmão receberam alta no dia 13/06/1998, dia de meu aniversário, estava completando 13 anos de idade. Não como o esperado, quem foi buscar minha mãe no hospital foi meu tio, nos pegou na casa que estávamos, meus irmãos e eu, e nos levou a nossa casa, mesmo pensando que ninguém havia lembrado do meu aniversário, por que toda atenção estava voltada para meu irmão que acabara de nascer, meu coração estava feliz, por que de novo teria minha família unida, pra minha triste surpresa não era como eu imaginava, ao chegar no portão de casa eu tive que ver a triste cena, de minha mãe entrando em casa e meu pai saindo acompanhado de algumas mulheres que se paga pata obter alguns serviços sexuais, aquilo me chocou, ver a cena que eu nunca imaginaria que um dia iria ver.Minha mãe rapidamente ainda sem forças, pois havia tido meu irmão de parto cesário, logo providenciou que meu pai se retirasse lá de casa, pois ao se casarem traição era algo inaceitável. Vi o casamento dos meus pais acabar bem ali na minha frente diante dos meus olhos, uma criança, cheia de esperança e sonhos, que agora estavam em pedaços, mal sabia eu que a vida não reservava só isso pra mim, ainda tinha muitas responsabilidades por vir, mesmo que sem pedir, costumo dizer que minha história de vida começa aqui, pois só nesse momento que eu iria conhecer a vida como ela realmente é.

Minha mãe em casa ainda a se curar das cicatrizes tanto físicas, por que havia tido um filho de parto cesário, também tinha que se curar das cicatrizes da alma, do coração, por que até eu sei que a dor de uma separação e ou uma traição não são fáceis, ainda indefesa e sem perspectiva eu tinha que fazer alguma coisa.

Então fui logo procurar um jeito, uma forma de ajudar.Fui trabalhar como entregador de marmitas...(rs), isso me fez lembra uma historinha.

Ao tentar entregar algumas marmitas, uma senhora muito chique, se achando a dona do pedaço, olhou pra mim e fez pouco caso, mas como se diz “O que se faz se paga aqui”, na mesma hora veio à resposta pra tamanho descaso, ao andar, seu andar altista e soberbo, nem viu quando seu salto grudou em uma fresta da calçada e ela logo veio ao chão, seu ego gigante logo despencou e ela se viu ali prostrada, mas não se paga mau com mau, me ofereci para ajuda a levantar, ela nem em meus olhos conseguia olhar, talvez a vergonha e ou sentimento de arrependimento tivesse lê invadido naquela hora, não sei o que se passou na cabeça daquela senhora, mas tudo que sei foi que ela me agradeceu e seguiu seu caminho, agora menos altivo.Mas enfim, voltando ao acontecido, logo depois me vi trabalhando como vendedor de bombons de chocolate nas ruas, enfim tentei fazer a minha parte, parte que cabia ao meu pai, mas não era o suficiente, mas eu lutei.E até que enfim consegui uma proposta de emprego, o tão sonhado emprego, que me trouxe esperança novamente, sonhos voltaram a nascer e um futuro eu puder ver.

Era a minha idade de 15anos e meio, fiquei super empolgado com a idéia de trabalhar, carteira fichada, FGTS, seguro desemprego, uma conta no banco, cartão, mesmo que só pra sacar dinheiro, era um novo começo. Fui ao lugar indicado pelo um amigo, peguei uma condução, mesmo não tento a mínima noção para onde estava indo, ia feliz, sorridente, alegre, contente, e falava pra todo mundo escutar, “Olha um emprego vou arrumar!”. De tão feliz, não vi a parada perdi, mas logo perguntei para o cobrador, que me respondeu, “Não se preocupe, quando voltarmos te desço no lugar certo”. A espera me corroia por dentro, mas deu tudo certo, desci na parada certa, lá estava eu caminhando ao novo rumo, meu coração palpitava mais forte, cada vez mais forte, eu queria aquele emprego eu necessitava dele quanto ou mais que qualquer um que aquela vaga estava concorrendo.Ao chegar no lugar indicado dei o meu nome, esperando uma resposta imediata, mas não, era só um cadastro, levei um baque, mas nada de muita importância, a esperança invadira meu coração, que fumegava de ansiedade, não via a hora de aquela recepcionista retornar a ligação e dizendo que era eu o escolhido.Fui pra casa sorridente e com muitos sonhos e o coração cheio de esperança.Amanhã é tudo novo, a minha noite virará dia...

1° parte

Não desanimem, logo saberão o desfecho dessa história, não percam a próxima...(rsrs)

Renato Nunes Costa 04/04/2008

Renato Nunes Costa
Enviado por Renato Nunes Costa em 04/04/2008
Reeditado em 04/04/2008
Código do texto: T931152