Aquario sem peixe

Lutei um dia inteiro contra a vontade de escrever isso. Na verdade, não foi só um dia, deve fazer algumas semanas agora, mas só há um dia essa vontade realmente me incomoda.

É verdade que não tenho nada a falar, nada que resolvesse as coisas ou fizesse diferença, nem muito menos algo que queira ler. Acho que não queria ler nada, queria apenas me ver desaparecer do mesmo jeito que surgi, ou talvez quem sabe aos poucos, como um pôr-do-sol de inverno.

Seria mais fácil se soubesse, se sumissem uma a uma as suposições e as idéias, secassem as lagrimas no rosto. Queria certezas, palpitações de um coração dilacerado, tiros certeiros na sala escura. Costas verbais a longitudes físicas.

Desistências, resistências, reticências a parte, houve amor. Não, não amor, houve junção. Falta de espaços imaginários ou reais, sincronia em tempo e palavras. Existiu, em um pequeno aquário fictício, o desespero de dois que, na verdade, eram um.

Não há mais palavras, só vontades. Isso é o inicio e o fim de tudo. É meu ápice que precede minha queda.