O "NÃO" E O "PENSAR"

As palavras “não” e “pensar” me fazem refletir muito.

“Por quê?”, alguém pode perguntar.

Simples, e vou tentar explicar os motivos de meus pensamentos e reflexões sobre tais palavras.

Vamos primeiro ao “não”, um pequeno advérbio de negação que pode fazer a diferença em diversas situações em que a gente se aventura por aí.

Saber dizer “não” é uma verdadeira arte e já existem até publicações de sucesso sobre o tema, que acredito ter se transformado em uma ciência do relacionamento humano contemporâneo.

Considero saber dizer “não” extremamente difícil. Eu mesmo sempre tive muita dificuldade em lidar com isso e passei por alguns maus bocados por ter dito “sim” quando deveria ter dito simplesmente... “não”. E confesso que ainda não estou totalmente curado. Entendo termos sempre que procurar exercitar essa postura muitas vezes antipática perante a visão alheia, mas se não aprendermos a dizê-lo e, efetivamente, a praticá-lo nunca seremos nós mesmos, pois estaremos sempre presos a preconceitos, paradigmas e, em muitos casos, à nossa própria infelicidade.

Pelo fato do “não” sempre ser visto como algo negativo e egoísta, que pode esmaecer um relacionamento ou uma simples conversa, é preciso tomar muito cuidado pois, como alguém já disse, há momentos em que, ao dizer um “sim” para os outros, na verdade você estará dizendo um “não” para você mesmo. E isso pode ter conseqüências avassaladoras no futuro, onde por muitas vezes será impossível cumprir aquilo para o qual disse “sim” ou, ainda pior, trazer situações constrangedoras e imutáveis.

Pessoas de sucesso não chegaram aonde chegaram por terem dito apenas “sim”, mas porque souberam dizer “não” no momento certo.

É desconfortável na maior parte das vezes dizer-se um “não”, porém mais desconfortável ainda é conviver com o peso do “sim” impossível.

E concluindo este assunto, reproduzo aqui uma frase de Victor Civita: “Não é a mais fácil e cômoda palavra que existe. Se alguém diz não, os problemas acabaram. Os problemas realmente começam quando você diz sim”.

Vamos agora ao pensar, um verbo transitivo indireto, que carrega um peso e uma dificuldade enorme para muita gente.

Já foi dito que quanto menos os homens pensam, mais eles falam, o que considero de uma verdade absoluta. E quanto mais se fala, mais sujeitos a erros e desconfortos estamos sujeitos.

Hoje em dia muitos estão acometidos pelo medo ou pela preguiça de pensar. Não quero aqui misturar a inteligência com o pensar, mas considero o pensar um ato extremamente inteligente. O que não acontece ao contrário, pois não se pensa para ser inteligente.

Você que me lê, já reparou nas idiotices que tentam nos empurrar goela abaixo hoje em dia, principalmente a nossa mídia? Pois é, e o pior é que em muitos casos conseguem isso, haja vista a pouca capacidade de pensar de nossa gente. Ou você acredita que se o pensar fosse mais praticado, os absurdos que vemos hoje em dia seriam aceitos? Quer um exemplo? A própria situação pela qual passa nosso País nos dias atuais, com a corrupção correndo solta e sendo indiferente para uma boa parcela da população. Triste isso.

Quem não pensa, não estuda e não lê. Conseqüentemente, quem não lê não pensa e quem não pensa será para sempre um servo, como disse o saudoso Paulo Francis.

Pensar realmente não é para qualquer um. Tal como o “não”, também vem a ser uma arte e – principalmente em nossos dias – muito difícil de se praticar. O que é uma pena, pois vem tornando as pessoas cada vez mais apáticas e sem objetivos de vida.

E vejam só a expressão a que chegamos juntando-se as duas palavras objeto deste texto: “não pensar”. Bem interessante!

Finalizando, um pensamento de Henry Ford que traduz o que procurei retratar: “Pensar é o trabalho mais pesado que há. Talvez seja essa a razão para tão poucos se dedicarem a isso”.

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Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 07/04/2008
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