MENINOS OUVI...

Estamos em 18 de maio de 2005, no programa do Ratinho, uma pessoa muito simpática falava sobre a “pílula do dia seguinte”. As informações eram passadas de forma didática e esclarecedora. Em dado momento, ela comentou a respeito de outros métodos contraceptivos e disse, com todas a letras: “este anel é para você pôr na vagina”. Em seguida fez mais algumas explanações a respeito do anel vaginal e voltou a frisar que a peça deveria ser inserida na vagina.

O caso é que ela falava com o Ratinho! Um ser humano do gênero masculino que, ao que se saiba, não possui vagina...

O cômico episódio parece não ter sido percebido por ninguém. Até mesmo o apresentador se manteve impassível ante a insólita recomendação.

Isso nos leva a refletir sobre uma prática disseminada entre os brasileiros, que talvez seja a maior agressão que se faz ao idioma. Trata-se do uso inadequado do “você”.

A gente não costuma avaliar detidamente o que ouve, mas se o fizermos notaremos as múltiplas frases sem sentido que são proferidas a todo o momento.

Já vi mulheres declarando para homens: “quanto você está grávida...”; “quando você menstrua e tem cólicas...”; “se você usar calcinha de tecido sintético...”; “se você tiver no seu guarda-roupa um vestido desses...”.

É claro que o “você” nesses discursos é uma expressão despropositada, mas parece que a maioria sente dificuldade de falar sem recorrer a essa esdrúxula tática.

Não tenho informação se nos demais países de língua portuguesa o procedimento existe. O certo é que no Brasil professores, palestrantes e discursadores usam o “você” fora do contexto a todo o momento.

Se ficamos atentos à prática, nos sentiremos desconfortáveis ao ouvir certas declarações absurdas. Talvez seja por isso que quase ninguém preste atenção...

Experimente, caro leitor, atentar para o que é dito aqui e ali, principalmente na televisão. Depois me fale se estou correto ou há exagero em minhas ponderações.

montalvão
Enviado por montalvão em 03/01/2006
Código do texto: T94081