QUANDO EU QUIS SER HOMEM

Fala sério! Banheiro de boteco lotado depois da uma da manhã? Eu daria meu dedo minguinho prá fazer xixi em pé! Até tentei negociar com o cara-lá-de-cima, mas alguém do Departamento de Promessas, Escambos e Indulgências me respodeu que um dedo minguinho por um pênis não era lá uma troca muito justa (tem seu sentido...) e que com uma oferta dessas o máximo que eu conseguiria era ser Presidente da República. Disseram ainda que, para ser considerada a barganha, tinha que ser pelo menos um dedo médio, mas aí quem achou caro fui eu. Querer, eu queria, mas nem tanto...

E foi mais ou menos assim que eu parei de beber cerveja. Não aos diuréticos!

Quer a prova dos nove? Vai de carro de São Paulo a Porto Seguro, considerando o sol no côco, haja água, aí, do Espírito Santo prá cima conte quantos postos de gasolina tem... Alguém por acaso gosta de agachar no matinho?

Casamento de prima chata que fala “ardido” e tem mania de “chic” (todo mundo tem uma)... claro, essas nunca casam quando a gente tem grana, tempo ou saco prá via-crucis de loja em loja até achar O vestido... não seria muito mais fácil alugar um smoking?

Além do mais, admitamos: eles nunca se perdem no trânsito! Já elas – nós – eu... sou capaz de me perder até dentro de casa. E não se iludam com o tal do GPS, comprei, paguei, lí o manual... não adianta, somos tecnologias incompatíveis. Outro dia tive até pesadelo, sonhei que a maquininha perdia a paciência comigo... “Turn right. Turn right. Turn right! I said RIGHT, stupid!!!”

Ah! Quando criança eu definitivamente queria ser homem, embora achasse feia, engraçada e aparentemente incômoda aquela “verruga” que meu priminho inseparável tinha na “menininha” dele, mas que era um porre era aquela história de “tudo não pode, não é coisa de menina”, todo brinquedo legal, era de menino, brincar na rua? Coisa de moleque... cabelo curto: Joãozinho (tinha vontade de sair correndo cada vez que vinha minhã mãe com a escova de cabelos na minha direção)... Lembremos, eu não sou do tempo da Barbie, do carro da Barbie, do helicóptero da Barbie, do tanque-de-guerra da Barbie, do namorado (com cara de gay) da Barbie (Quem?)... tinha a Susi e o Falcon e só, mas o Falcon era coisa de menino.

E sem contar o que a gente ganha, olha só do que se livra: menstruação, depilação, meia-de-seda, dor-de-parto, lápis-de-olho, bife na manicure... E eu duvido-e-o-dó que quem inventou a porra do bico-fino com salto agulha foi uma mulher.

A única coisa que não teria graça é que eles finalmente teriam a chance de se vingar e dizer coisas do tipo: “’Tá vendo como não é tão fácil assim manter a pontaria?”

Dalila Langoni
Enviado por Dalila Langoni em 11/04/2008
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