POR QUE A PRESSA?

Observando, enquanto aguardava o trem, a pressa com que se movimentavam as pessoas, a caminho do trabalho, ou das compras, ou ainda de um compromisso com hora marcada, fiquei a pensar que, alguns anos passados, não era assim.

Existia, antigamente, uma calma salutar e um costume não menos de conversar. Quando menino, morava numa vila de treze casas, o que significa dizer que havia ali uma razoável quantidade de crianças. À noite, enquanto dedicávamo-nos às brincadeiras, os adultos sentavam-se à porta de casa, a conversar por algumas horas. Era uma forma de quase inconsciente lazer, que, completado pelo posterior sono noturno, repunha as energias de todos eles, para as tarefas do dia seguinte.

Eram tempos de uma tranqüilidade que não se vê mais, sem dúvida. E, diante do quadro à minha frente, perguntei a mim mesmo, sem contudo achar a resposta: aonde pensa que vai essa gente, com tanta pressa? Por que correr tanto?

Ah, bem lembrado: há quarenta anos, não era só essa correria que não existia. Também não se conhecia a palavra “stress”.

Mario Roberto Guimarães
Enviado por Mario Roberto Guimarães em 12/04/2008
Código do texto: T942109
Classificação de conteúdo: seguro