JÁ DIZIA CAZUZA.

Lá vai a carruagem.

O cavalo, o cocheiro e o viajante.

O cavalo tem a força e faz o trabalho pesado. Pensa que tem o poder. Mas, é governado. Pra sua "proteção" nele são postos os antolhos. Assim não vê nada do que não lhe interessa ver. Não fica nervoso. Afasta-se o risco de rebelião.

O cocheiro pensa que governa o cavalo.

Não governa não.

Tem o chicote e a força. Montado no costado do animal.

Agita o chicote e bate com força e quanto mais bate mais quer bater. O cavalo coitado responde a cada bordoada com mais trabalho.

Dentro do coche vai um passageiro que ninguém sabe quem é.

O cavalo não sabe quem é.

Atrelado ao coche e com os seus antolhos decorados não tem como saber.

O cocheiro, servo, mero serviçal, o que faz o trabalho duro e sujo, nem ousa olhar.

E, até mesmo quando estaciona o coche, abaixa a cabeça em reverência e nada vê.

Assim são as coisas de estadista.

O povo é o cavalo.

O presidente é o cocheiro.

Quem nos governa é o viajante: quem será?

E já dizia Cazuza: Brasil mostra a tua cara, quero ver quem paga pra agente ficar assim...Diz quem é teu sócio... confia em mim...

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 04/01/2006
Reeditado em 04/01/2006
Código do texto: T94555