Mendiga e sua vida perdida...

Ela deixa seu corpo sob os cuidados da lei da gravidade.

Não há mais com quem nem por que lutar.

E o desleixo torna-se a base de toda a sua perspectiva de vida e o mau humor já não dura algumas horas, nem dias, pois já está fixado em sua alma de tal forma que os seus movimentos são mal executados mecanicamente, os seus pensamentos nem tem mais utilidade para este lugar. Mas quem pode julgá-los inúteis?

Ela é quem mais sofre neste exílio que torna o simples (simples?) fato de esmolar, uma luta cansativa, não só entre ela e os que hesitam olhar os seus olhos, mas também com sua própria natureza.

Ela está perdida, atordoada com seus pensamentos disputados por outras consciências que exigiam dela coisas tão simples e sujas, que ela então cedia facilmente. Mas ela precisa de ajuda, ela quer e não quer, ela acorda enquanto dorme e se vê irreconhecível.

Talvez num ato de revolta ela tenha fracassado e lutado contra os próprios princípios para que a julgassem como louca e a retirassem daqui, levando-a para aquele lugar em que todas as almas anseiam sentir.

E assim, ela observa o cachorro sarnento lambendo a própria ferida e arrancando os próprios carrapatos, e nada entende.

Janicris Rezende Januzzi
Enviado por Janicris Rezende Januzzi em 14/04/2008
Código do texto: T945561
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