"A Ralé e a Justiça" = Crônica do Cotidiano=

A cada vez que vejo nos noticiários os indefectíveis “populares” chamando o pai e a madrasta da linda menininha Isabela - misteriosamente assassinada - de “assassinos”, fico pensando em como essa gentalha se sentirá se depois que tudo for esclarecido – e espero que o seja o quanto antes – ficar cabalmente comprovada a inocência dos dois.

Será que essa ralé tem sentimentos? Será que tem autocrítica suficiente para sentir vergonha depois de se ter deixado levar por uma indignação justa, mas dirigida às pessoas erradas?

Será que todos esses que se reúnem nas entradas das delegacias para xingar os suspeitos têm grandes poderes, entre eles o de adivinhação? Ou terão muito mais experiência e malícia do que a polícia e demais autoridades que lidam com crimes todos os dias? Na verdade o que me parece é absoluta falta do que fazer. Absoluta disponibilidade para julgar e condenar sem qualquer embasamento, levados apenas por simples suspeitas ou conduzidos como carneirinhos pela mídia.

Se o pai e a madrasta de Isabela são realmente inocentes – e torço para que sejam – estão agora passando por um período terrível de inferno em vida. Com centenas de diabos a atazaná-los gratuitamente, pelo simples e sádico prazer de malhar um semelhante.

Se forem culpados, o que estão passando agora é pouco. Muito pouco.

Ver a turba gritando em torno dos camburões que conduzem os suspeitos faz-me lembrar a Idade Média, quando as famílias levavam refeições para consumir enquanto assistiam às execuções nas forcas, nas fogueiras, nas guilhotinas. Nesse aspecto o mundo evoluiu tanto...

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 14/04/2008
Código do texto: T945652
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