Porto Alegre do "Faz de conta que estou preocupada com a educação..."

Porto Alegre do" Faz de conta que estou preocupada com educação..."

Aqueles eram tempos bicudos no reino de Porto Alegre “do “ Faz de conta que estou preocupada com a educação”, as coisas estavam se tornando cada vez mais enredadas desde que a nova rainha assumiu depois de uma acirrada disputa eleitoral. Sim, havia eleições, pois não era um reino que fazia de conta que educava? As pessoas, na sua maioria, eram compostas por professores que alguns insistiam em chamar de triplicadores, pois possuíam muitas, muitas, muitas tarefas... Entre elas, sobreviver numa sala de aula com quarenta a cinqüenta alunos, porém, naquele reino longínquo, ninguém se preocupava com esse seres em extinção.

A ministra mor indicada pela rainha possuía uma tarefa muito importante, durante aquele reinado com "um jeito novo de governar", reduzir as despesas excessivas. Principalmente, entre os triplicadores,digo,professores, que exigiam demais estavam sempre querendo modificações, transformações, direitos, novidades, pregavam ideologias de mudanças. Queriam modernidades como: laboratórios de informática, de língua portuguesa e também queriam que alguém fizesse cópias de suas provas.... Isso não era bom, afinal, um reino que fazia de conta em tudo, não podia aceitar que reles triplicadores ousassem exigir alguma. Enfim dar aulas era necessário somente giz, quadro e muitos alunos para as aulas ficarem mais animadas, depois uns ajudavam os outros. Os triplicadores, digo professores, que se transformassem em multiplicadores para resolver os problemas de suas escolas empoeiradas e barulhentas.. Os limpadores oficiais haviam sido retirados, assim como os bedéis que ajudavam os professores pelos corredores.

A regra era clara: fazer de conta em tudo. Aqueles que ultrapassassem esta regra sofriam sanções, multas, eram mandados para outros reinos bem distantes. Mas, o grande problema para ministra-mor eram os triplicadores, digo professores descendentes da Clara Luz, a fada que tinha idéias, essas eram infernais. Questionavam tudo, eram dicionarizadas, procuravam leis para ajudá-los, não tinham medo das ameaças e ainda colocavam os pais e os alunos contra a rainha e a ministra – mor. Criavam musiquetas: Se essa escola, se essa escola fosse minha não a deixava no breu... E saiam cantando com seus alunos pelas ruas esburacadas do Reino. Isso gerava grandes buchichos e burburinhos A ministra-mor tinha que manter pose de poderosa, então convocava os limpadores oficiais e os bedéis que agora trabalhavam para ela para proibir a passagem deles pelas principais ruas e, principalmente, não chegar perto dela. Entretanto, ainda assim, no outro dia, as mídias fazdecontense que se preocupavam com educação noticiavam tudo.

Entretanto, pareciam tempos muito bicudos naquele reino de Porto Alegre do “Faz de conta que estou preocupada com educação”... Aos triplicadores, digo professores, restava administrar os tantos problemas que enfrentavam todos os dias, sem esquecer as aspirações, as miragens distantes vistas nas tantas leituras que falavam de um ensino democrático, libertador... Assim, continuavam semeando sonhos, pois naquele reino eram isso: simplesmente, semeadores e vendedores de quimeras mil.

Professora estadual de Porto Alegre

Mestre em Letras.