Rastros de nós.
Nos separamos a cada dia... cada hora estamos mais distantes um do outro. Esta distância gerando esquecimento e indiferença. Quem somos, o que fomos que assim passamos , nada deixando senão um rastro de cinza e sombras, conscientes que nada é invulnerável à fúria do tempo .Existem sentimentos que não se esgotam, não se ultrajam ? Qual inelutável propósito nos fez procurar imortalidade no amor ? Uma extraordinária e passageira ilusão dos sentidos a galopar em nossos peitos ? Aonde levará este olhar desviado para tão longe de nós, onde não encontraremos nem presente nem futuro, onde não haverá um só vislumbre do que fomos, nem projeção dos nossos gestos, nenhum eco de nossas vozes de ontem atingirá nossos ouvidos hoje. O longe é a imagem da nossa aceitação, do nosso cansaço, onde se refugiarão com certeza nossas almas desfiguradas pelo tempo e morreremos da crueldade ignorada dos que nos cercam,enforcados no laço umbilical de nossa essência.Um dia de chuva em um verão distante ...
Carlos Said
Dias de Sampa
Recanto das letras