Nosso amor de ontem
A vida caminhou no sentido oposto aos nossos desejos. Nos fez adultos e velhos, legou-nos uma separação, longínqua e erma. Não nos permitiu sequer a mais fugaz visão um do outro em todos estes longos anos. Imagino aqui distante, as rugas que o tempo esculpiu em seu rosto, como o fizeram ao meu, flacidez nos músculos, andar lento, recordações atropeladas, memória falha. Por mais que escave este passado. Nada, nem minha longa e quase esquecida existência abala a convicção que se me fosse permitido vê-la novamente, não encontraria em você, a decrepitude física que nos flagelou, veria no brilho que não se apaga dos seus olhos ... a eterna juventude do nosso amor de ontem.
Carlos Said
Verão 2008
Recanto das letras.