Quando o Amor Dói.

Amar dói. Sei que o assunto é controverso e há quem diga que não é o amor que faz doer e sim outros sentimentos menos nobres que juntamos a ele.

Que seja, mas dói.

Concordo que o amor quando vivido plenamente só cura, só alegra, só salva. Quando amamos de verdade e respeitamos o ser amado, vamos tratando dos tais sentimentos daninhos no convívio e o remédio é mais amor.

Se amo e erro, peço perdão. Se você me ama, vai me perdoar. Se for você quem errar e tiver a humildade de me pedir desculpas, serei eu a perdoar com prazer. E bote prazer nisso, pois é muito bom fazer as pazes.

Assim eu entendo o amor. Assim eu amo. Assim eu quero ser amada,

Não entendo pessoas que passam a fazer o outro sofrer, mesmo quando o amor acaba, pois se ele for de verdade, restará afeto e respeito.

O amor dói quando falha nas suas propostas. Sei o quanto é difícil aceitar que não somos mais objeto do amor de quem amamos. Sei o quanto dói e a essa dor não chegam as lágrimas, ou desaforos. Essa dor expande-se do espírito para o corpo que adoece de verdade.

Essa dor quando atinge quem amamos, parte o nosso coração também. Se for um filho ou filha, seja lá a idade que tenha, a gente põe no colo, enxuga as lágrimas, que já se misturam com as nossas, visita o seu quarto uma dez vezes durante a noite para ver se ele ou ela dorme bem.

Ah, meu amigo, quem foi amada (o) e se vê ferida (o) por quem ama, sem compreender o porquê, sofre uma dor imensurável. Uma dor que leva ao desespero, que tira o sono, que tira o sorriso do rosto e reduz a vontade de viver.

Dói e faz adoecer, pode crer. Muda o rumo e o destino.

Na última sexta-feira eu iria a São Paulo, uma viagem há algum tempo programada, com entradas de espetáculos compradas com antecedência.

No mesmo horário, minha filha seguiria para Brasília, como forma de abrandar um mal que feria seu coração e de todos que a amamos.

Viajaríamos às 5h, mas ela, sempre organizada, não conseguia fazer a mala; deitava-se e cochilava. As 4h confessou que estava enjoada e indisposta, mas queria sair da cidade, fugir da dor.

Fomos ao aeroporto, mas ela sequer saiu do carro. Sentia-se muito mal. Saltamos. Na fila do check in avisei às minhas amigas que não iria, pois não deixaria minha filha naquele sofrimento. Pegamos os créditos e voltamos para casa, onde ela passou o dia dormindo e sem comer.

E eu? Não me incomodei com o que perdi, só fiquei ao lado dela rezando para ver um sorriso no seu rostinho lindo. Ontem ela só chorou e eu fiz um duo com minha filhota.

Hoje vi na TV que era dia de Santo Expedito, o santo das causas urgentes. Na hora fiz uma prece. Pedi pelo sorriso no rosto de Vinha e vi.

Pouco depois ela entrou no meu quarto rindo de si mesma e do quanto emagreceu nesses dias; depois tomou um banho, arrumou-se lindamente e saiu com uma amiga.

_ Tchau, mãe. Volto cedo. Disse isso com uma carinha linda e o sorrisinho ainda um pouco triste estava lá. Obrigada Santo Expedito!

Amigo, não é o amor que dói. Você tem razão. O que dói é a falta de amor.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 20/04/2008
Reeditado em 20/04/2008
Código do texto: T953660
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