TEMPOS DE GUERRA

Sabe aquele dia em que você simplesmente acorda e fala “chega”? “Enough is enough!”, no melhor estilo diva dramática. Dia de enterrar seus mortos, botar o anular na janela prá tomar sol, afinal aquela faixa branca no dedo espanta qualquer paquera e, convenhamos, tem gente que consegue ficar sozinha, tem gente que não consegue, e tem gente, como você, que conseguir, consegue, só não gosta. De volta ao mercado, hora de ir à luta!

Primeira etapa: levantar o moral da tropa, barba-cabelo e bigode, ou seja, reflexo, queratina, escova, manicure, podóloga e toda e qualquer outra futilidade que possa massagear seu ego. Se não dá prá limpar a bagunça de dentro prá fora, vai de fora prá dentro mesmo.

Segunda etapa: O uniforme, que tropa mulambenta depõe contra o exército. Decotão, saltão, perfume, maquiagem e um batom discreto, afinal você vai à caça, não ao “trotoir”.

Terceira etapa: O campo de batalha.

Em campo, operação solo, afinal todo mundo que você conhece é casado, estratégia é tudo; Regra de ouro: em tempos de guerra, quem sai à caça também é caça.

Movimento número um: Reconhecimento de campo: é fundamental identificar, com antecedência, as rotas de evacuação de emergência, os pontos cegos, as zonas de segurança, e especialmente, divisar o que é alvo, o que é inimigo e o que é só paisagem.

Há quem diga que a paisagem não requer um reconhecimento acurado, entretanto, na prática, isso não é bem verdade, afinal, se, de fato, por exemplo, aquele arbusto exageradamente frondoso não é mesmo, nem alvo nem inimigo, portanto, em termos de guerra, em tese, irrelevante, por outro lado, se dita paisagem simplesmente se planta na sua frente, entre você e o alvo, ou bloqueando sua visão do iminente ataque do inimigo, aí, convenhamos, deixa de ser irrelevante. Isso sem contar, ainda, que existem sim plantas carnívoras, isso não é lenda!

Segundo movimento: O ataque: Neste ponto, há pelo menos duas táticas válidas, o ataque direto, recomendado para atiradores mais experientes, o que não é seu caso, que é soldado da reserva recém-convocado à ativa. O problema dessa tática é que, se o primeiro tiro não for fatal e certeiro, o alvo se assusta e se perde no meio da paisagem. Bom, ele não se perde exatamente, mas você o perde de vista, definitivamente. Assim sendo, você, que pode até ser ousada (o que nem é tanto), mas burra não é, vai de Plano B, tira a pele de carneiro do seu cinto de utilidades, define o alvo, certifica-se de que, assim como você, ele também está em operação solo, e faz a caça lhe caçar. Suas armas: sorriso de santa, olhar de puta - isca e armadilha.

Funciona? Funciona. Mas se não funcionar, sempre tem... sábado que vêm!

Dalila Langoni
Enviado por Dalila Langoni em 20/04/2008
Reeditado em 21/04/2008
Código do texto: T954256