Nós somos Rainha e Rei

Para mim vale o que me emociona. Sou movida às sensações, apesar de reconhecer a importância da razão e a ela dar ouvidos nas decisões.

Adoro músicas. Sempre disse que era uma cantora frustrada, pois cantar faz-me um bem enorme, até que não desafino, tenho uma voz agradável, porém pequena. Canto baixo, assustam-me os tons mais altos e temo errar.

Talvez por isso tenha optado pela escrita como forma de expressão. Todavia a música foi a minha primeira paixão.

Lembro que na minha timidez, na época bem mais aguda, fiquei algumas noites sem dormir antes da prova oral de OAB. Eu teria que fazer uma sustentação oral.

Todos os dias estudava o processo e depois ía para o espelho ensaiar. O estress era tanto que eu fugia da realidade. De repente passava a cantar "Como Uma Onda" no gravador e interpretá-la diante do espelho.

Era mais fácil o sonho, afinal direito para mim era uma realidade interessante até a página 4. Vivo disso, mas não me empolgo. Queria cantar. Importante dizer que fiz tudo direitinho e passei no exame da Ordem.

Hoje canto para mim mesma e escrevo. No momento escrevo ouvindo Caetano e Flávio Venturini em "Céu de Santo de Santo Amaro". Essa música toca-me, como se uma mão afagasse o coração.

Pensar que Johann Sebastian Bach compôs a música há tantos anos e que Caetano fez uma letra homenageando o céu de sua cidade séculos depois é fascinante, mas não tão fascinante quanto à revolução emocional que música e letra fazem comigo.

Vivi o auge de um caso de amor ouvindo essa canção. Continuei a escutá-la e agora ela volta prosaicamente na reprise de novela Cabocla, no Vale à Pena Ver de Novo da Globo.

Eu continuo apaixonada, pois esse é meu estado natural. Continuo ouvindo e visualizand os versos de Flávio Venturini: "... Na noite do sertão/Meu coração só quer bater por ti/Eu me coloco em tuas mãos/Pra sentir todo o carinho que sonhei/Nós somos rainha e rei”.

Escrevo movida a sonhos em uma tarde de domingo, com o céu de Natal desenhado de branco em contraste com o seu azul habitual. Escrevo em paz e ouço Céu de Santo Amaro.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 20/04/2008
Reeditado em 10/08/2010
Código do texto: T954419
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