Vida de professora - Minha participação na Conferência Nacional de Educação Básica.

Minha vida de professora me fez cidadã do mundo. Tenho buscado e aproveitado bem oportunidades de conviver em ambientes educativos, com pessoas de lugares e saberes diversos, conseqüentemente, com diferentes idéias, com propostas de pensar e articular projetos de sociedade dos mais variados matizes político-ideológicos e filosóficos. Isso é muito bom, pois compreendo que, no que se refere à minha atuação, esses elementos agregam valores, conhecimentos, ampliam minha visão de mundo, além de contribuir imensamente para minha formação profissional e pessoal.

A Conferência Nacional de Educação Básica, realizada em Brasília, no período de 14 a 18 de abril, cujo tema “A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA NACIONAL ARTICULADO DE EDUCAÇÃO” contou com a participação da representação de pais, alunos, conselhos de educação, trabalhadores da educação, entidades de classe, povos indígenas, quilombolas, universidades, ministério público estadual e parlamentares das comissões de Educação das assembléias legislativas dos estados. Nas mesas e colóquios, as falas dos palestrantes se somaram aos posicionamentos, reflexões e proposições dos delegados, convidados, observadores e técnicos do MEC, em torno das questões que priorizavam a melhoria da qualidade do ensino, no país.

Com uma organização articulada ao longo do ano de 2007, este evento é o resultado do trabalho de "muitas vozes e de muitas mãos" materializado em debates e propostas das pré-conferências regionais, municipais e estaduais, organizadas em todos os estados e no distrito federal, que produziram documentos locais. As contribuições advindas desse movimento compuseram o documento síntese, apresentado, discutido e, finalmente, votado pelo conjunto dos delegados participantes da Conferência.

A importância de eventos como esse, embora consenso no conjunto dos educadores, carece de maior adesão da sociedade civil organizada. O que se sobressai ao término, é um distanciamento, um reconhecido pouco caso com as questões da educação no país por parte da imprensa e da classe política, salvo honrosas exceções. E, em que pese o alto nível dos palestrantes e dos debates, o desencanto demonstrado com as profissões da educação é uma realidade crescente. Condições de trabalho precárias, salas de aulas superlotadas, escolas sucateadas, baixos salários, formação inicial e continuada com imensas limitações, são alguns dos exemplos da causa do desencanto.

Mas houve também espaço para outros universos, nesta conferência. Espaço para a arte que nos acolheu, a exemplo do balé Popular do Recife, dos corais dos meninos de Rondônia e dos índios Guaranis, do congo do Espírito Santo, da banda Pequi, de Goiás, do Bumba Meu Boi de Sobradinho, DF. Espaço para o sonho e a poesia, nas intervenções de alguns educadores e, principalmente, espaço para, nosso "protagonismo lúcido" e nossa "opinião militante", conforme disse uma palestrante.

Nós, os participantes da conferência, que representamos todos os segmentos envolvidos com a educação deste país, esperamos que, na medida em que os problemas já forem identificados, as proposições sejam encaminhadas às instâncias governamentais e transformadas em políticas públicas a serem implementadas no menor tempo possível. E que todos entendam que não haverá país desenvolvido sem que se resolvam questões como o analfabetismo, a educação, atenção e cuidado às crianças e à juventude.

No mais, assumo que adoro viajar. Ir até a esquina já me faz um bem enorme, além do mais, quando a esquina é o centro do poder, quando tenho a chance de rever amigos queridos, privar do seu convívio e companhia, então é o paraíso.

Enfim, "...se teu amor foi hipocrisia, adeus Brasília, vou morrer de saudades..."(Alceu Valença). "...Céu de Brasília, traço do arquiteto, gosto tanto dela assim..."(Djavan e Caetano Veloso). Parabéns á Brasília, esta jovem senhora que faz 48 anos hoje.