Crônica feito a primeira ceia

Edson Gonçalves Ferreira

Jesus deu-nos uma lição sábia: fez o último banquete com seus doze apóstolos, mas, antes, fez o Sermão da Montanha e fez o milagre da multiplicação dos pais e dos peixes. Agora, eu que sou apenas o filho da Anita com o Arlindo, atrevo-me a multiplicar as minhas palavras e convidar todos para um banquete enorme que, para começar, as mesas serão enfeitadas com flores do Oriente, de pessegueiros que a Sônia Ortega providenciará.

O vinho vou deixar por conta do Henricabílio, da Malubarni, da Susana, da Terá que, com certeza, trarão de Portugal, aquele vinho saboroso. _ Gente, não precisa ser o vinho do Porto, não, ele é muito encorpado. Tragam um vinho mais leve. Agora, se quiserem, tragam uma garrafinha para este bandidinho aqui!

Sim, tenho uma vontade danada de reunir todo mundo do Recanto para recantar em Divinópolis. Hoje, a Sônia deixou, na página dela, a história do menino Momo Taro, fazendo-me uma homenagem que não mereço. A história é linda. Ele nasce de dentro de um pêssego. Fantasia? _ Não é fantasia não, gente! Todo mundo nasce de dentro de um pêssego que é o sagrado útero das nossas mães! Não foi à toa que escrevi meu livro “Chupando caquis”. O caqui é uma fruta vermelha que me lembra o sangue que, ao nascer, cobre o nosso corpo. Quão lindos são os mistérios da vida! Jesus todo dia faz a sua Santa Ceia. Nossos olhos é que, às vezes, enxergam pouco. Somos míopes.

Falando em Deus, gente, como eu me encanto com a Celina, com a Claraluna, com a Sunny, com a Kathleen, com a Malubarni, com a Terá, com a Hull, com a Maria Errico, com a Ceres, com a Edna, com a Ivonete, com a Zélia Nicolodi... Perdoem-me se me esqueci de mencionar alguém. Mas já escrevi em “Chupando caquis”: “As mulheres são capazes de fazer milagres/Só com o jeito simples de tocar as coisas”.

Agora, não fiquem pensando que nós, homens, não servimos para nada. Fico danado quando só chamam a atenção para a figura de Maria, Mãe de Jesus. Eu venero demais minha Nossa Senhora, a Virgem Mãe. José, porém, é o pai de Jesus e ele precisa ser valorizado também. Já escrevi até um livrinho infantil: “O menino do Zé”. Sabe por que, porque o menino do Zé é Jesus.

Assim, quando recebo comentários de recantistas como: o Henricabílio, o Bernard, o Silvânio, o Evaldo Veiga, o Sidney, o Teris, fico muito lisonjeado. Nem todos os homens são capazes de ter essa finura de reconhecer o valor da sensibilidade. É preciso ser muito homem para assumir a nossa fragilidade de ser humano e, com essa sensibilidade, valorizar a figura feminina onipresente em nossa vida. _ Olha, rapazes, vocês é que vão fazer o serviço pesado nesta ceia, por enquanto, idealizada dos recantistas. Só gosto de dar ordens, mas pegar no pesado não é comigo! Fico supervisionando e, é claro, faço a articulação entre todos.

Gente, serei eu quem ficará responsável pelos convites e serei eu – ninguém se atreva a discutir minhas ordens – o anfitrião da noite. Vocês elegem a anfitriã. Divulgarei o evento e, se precisar, chamo o Peter Pan, a Fada Sininho, Aladim e sua lâmpada maravilhosa, a Emília, o Pinóquio, o Hércules para ajudar, ouviram? Quem me contrariar, corre o risco de ter a cabeça decepada pela Rainha de Copas. _ Eu ouvi, se precisar corto da cabeça deles, Edson.

Sei que vocês já estão achando que eu sou louco. _ Gente, “Sem a loucura, o que é o homem – disse Fernando Pessoa – mais que a besta sadia, cadáver adiado que procria?” Eu penso igualzinho a ele. Ele nasceu em junho, eu também. Ele estudou em colégio interno, eu também. Ele trabalhou em escritório tipo secretário, eu também. Acho que temos muitas coisas em comum, porque ele é português e eu sou neto, por três lados, de portugueses e tenho um avó espanhola. Eta mistura boa.

Agora, só para terminar, precisamos dar algumas funções para algumas pessoas se a gente for mesmo realizar o banquete do Recanto. A Zélia vai ser a fotógrafa, a Claraluna vai ser a mestre de cerimônia; o Teris ficará na porta, com aquele sorriso golgate, para receber todo mundo; a Fernanda, supervisionará a decoração das mesas; a Sônia está encarregada de trazer as flores e frutos com dango, do Japão, porque queremos servir frutos exóticos. Não me esqueci, não, gente, a turma de Portugal está encarregada de trazer as bebidas e o bacalhau -- Gente, a Celina fez um bacalhau delicioso, hoje e não nos convidou!... Bandida! -- e, para complementar, as meninas do Rio, trarão uma mulata e um mulato bem saudável para dançar para gente. _ Será legal, não será?

Divinópolis, 21.04.08

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 21/04/2008
Reeditado em 21/04/2008
Código do texto: T955466
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