Caso ISABELLA NARDONI

ISABELLA da Silva, aos nove anos de idade, esquartejada viva depois de ser estuprada pelo tio. Sua família não foi convidada a dar entrevista ao Fantástico.

ISABELLA Maria, aos doze anos de idade, é mãe de dois filhos de seu pai Zé Maria. Sua mãe não foi flagrada aos prantos por nenhum jornalista famoso.

ISABELLA Tereza, aos onze anos de idade, se prostitui em troca de alguns centavos nas ruas desde os oito. Nenhuma assistente social, vereador, prefeito, deputado, senador ou presidente, concedeu declaração pública lamentando por sua situação de sobrevivência.

ISABELLA Joaquina, baleada aos cinco anos quando tomava sorvete na favela onde morava. Nenhum grupo de moradores do Leblon, comovidos com sua trágica história, vestiu uma camiseta branca com a fotografia de seu rosto e saiu pelas ruas a pedido de paz, segurando a mão de sua mãe desolada.

ISABELLA Margarida foi estuprada pelo pai aos sete anos e asfixiada com uma sacola de supermercado. O pai fugiu da cidade onde moravam e nenhum delegado investiga o ocorrido. Nenhum padre fez missa especial com a comunidade do bairro. Ninguém comentou o assunto.

Os nomes, casos e fotografias são fictícios. No entanto, as Marias, Isabelas e Pedros, são reais, embora não apareçam em rede nacional.