MATURIDADE

 

                Com a proximidade dos quarenta e cinco anos, tenho pensado muito sobre a maturidade. Será que a idade nos confere esta tal maturidade? Às vezes, diante do espelho, vejo uma mulher com algumas rugas aparentes, em substituição a pele antes lisa e sem marcas; alguns fios brancos (cuidadosamente disfarçados) mudam o tom sempre negro dos cabelos, marcas do tempo no corpo, e no olhar, agora mais determinado. Muitas vezes não me reconheço nesta imagem que o espelho reflete. Sinto que estou envelhecendo.

 

                O lado positivo é que realmente amadureci. As rugas ganhas, o cabelo que começa a mudar o tom da cor, as marcas dos dias vividos – registradas nas mãos – revelam não apenas o passar dos anos, mas a transformação da mulher que, ao longo desse tempo, foi se tornando mais serena, livre para ser quem é, ou pensa que é. E isso, sem ter ansiedade para amar e servir, somente para viver com vigor e entusiasmo, os chamados anos dourados da vida. O passar dos anos cobrou do meu corpo um preço, mas com suas múltiplas e variadas experiências e oportunidades, trouxe algo mais precioso que a pele lisa e os cabelos escuros da juventude: trouxe maturidade.

 

                Essa maturidade ensinou-me a viver melhor, amar melhor e ser melhor. Melhorou minha relação com o outro e, principalmente, comigo mesma. Esta maturidade, ainda em construção, me fez perceber coisas que a pressa em viver tudo ao mesmo tempo, não me permitia enxergar. Sei que devo grande parte dessa maturidade aos muitos desafios (leia-se dificuldades) que enfrentei ao longo dessa caminhada. O casamento e a maternidade contribuíram muito nesse processo de amadurecimento. Construir um casamento harmônico e feliz não é tarefa fácil, tive que quebrar muitos pré-conceitos, rever muitos princípios pré-estabelecidos, para isso contei com o apoio de meu eterno namorado, aquele que me ensinou que amar não é posse e certidão de casamento, não é escritura de propriedade. Nesses vinte e um anos de casados enfrentei muitas tempestades que sopraram em nossa direção, mas sempre tive o cuidado de não me deixar destruir, passei da fase do deslumbramento para a realidade, sem perder o encanto do dia-a-dia, atravessei as famosas crises conjugais sem perder a fé no amor. Ainda concordo com Hegel que: “amar é esquecer-se no outro”.

 

                Ser mãe me fez mais responsável, mais preocupada em educar pelo exemplo, em ser cada dia um pouco melhor. Claro que ando longe de ser a mulher/mãe ideal, nem pretendo ser um dia, gosto de ser assim: multifacetada, cheia de defeitos assumidos, mas com qualidades suficientes para me fazer amada; com medos, mas enfrentando todos os desafios com determinação e otimismo; chata, mas cheia de humor, porque me sinto feliz, viva e orgulhosa de tudo que construí. Estou adorando ser uma mulher madura, que se sente preparada para continuar enfrentando as frustrações e derrotas com perseverança, sem permitir que meu mundo desabe.

 

                Quero continuar enxergando claramente a realidade natural com olhos que já vislumbraram o sobrenatural, sem nunca perder a capacidade de ver às transformações de forma aberta e realista, com os pés no chão, mas sempre me permitindo voar até as nuvens: vendo o que me cerca com realismo, mas jamais desistindo de olhar as estrelas; adorando esta minha passagem aqui na terra, mas sem perder o contato com a lua que me fascina. Quero viver intensamente esse fogo de vida que queima em minhas veias, para isso mergulho na imensidão deste mar que chamo de vida e respiro o ar puro do amor que está impregnado em meu ser.

 

                Quero viver plenamente esta maturidade! Que cada passo, cada escolha, cada decisão seja sensata, ou não, mas seja feita com responsabilidade e me ajude a ser uma pessoa cada vez melhor e mais feliz. Não tenho medo de sofrer, tenho medo de não viver os meus sonhos! Para mim o que importa é o que me faz FELIZ!!!

 

 

 

Da Série Mulher Madura!?

 

 

Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 27/04/2008
Reeditado em 27/06/2008
Código do texto: T963945
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