Esbarre em mim!

Ando pensando bastante sobre uma observação, dessas que a gente observa quando está indo para os afazeres na condução, sabe?

O ônibus estava praticamente vazio, quando entrei. Ao longo do caminho, ia subindo as pessoas, cada qual com seu cotidiano. Felizes ou não, procuravam um lugar para se assentarem e também fazerem suas observações cotidianas. É. Não sou só eu.

Todos procuravam os lugares na janela. Talvez para olharem para fora, e sair daquele mundinho.

Todos procuravam ficar em silêncio. Talvez para não interferir nas observações do outro.

Todos procuravam os bancos vazios. Talvez para não esbarrarem uns nos outros.

Vai saber... Bicho homem é bicho estranho. E depois são os passarinhos de gaiolas que são ariscos...

Mas o que realmente me deixava completamente atônita, era o fato acostumado de quando alguém por algum motivo, encostava-se à pessoa que - sem opção - acabou sentando ao seu lado, o tal “inconveniente” pedia-lhe desculpas!!!

Desculpas? Por ter chegado mais perto? Por ter sentindo o tal calor humano? Por ter unido o corpo?

“Ah... Foi sem querer!” Mas como assim? Desde quando chegar perto, trocar espaços, olhares e encostos não é permitido?

Não sei se é questão de egocentrismo, costume, ou mesmo imitar o que o outro um dia fez, mas uma coisa eu prometi a mim mesma: A próxima vez que eu precisar utilizar do transporte público, não vou sentar sozinha, não vou colocar fone de ouvido, não vou ler.

Vou abrir um sorriso para o colega de viagem, na esperança de fazer a diferença no dia daquele outro humano!

Agora... Se ele não retribuir, ou pedir desculpas, pensando que eu sorri por algum encosto incomodante...

Acho que vou a pé.

Mariana Mancini
Enviado por Mariana Mancini em 28/04/2008
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