AMOR DE DOR

                                                  Sandra Mamede

 

 

 

Todos nós vivemos  entre altos e baixos. Desde que nascemos aprendemos a conviver com a dor, ou por um castigo que nos foi imposto por nossos pais, por termos feito alguma coisa errada, ou pela perda de um parente ou de um amigo de quem gostávamos muito. Vem a adolescência e com ela  as novas amizades, amigos nos quais confiamos, as namoradinhas (namoradinhos), alguns (algumas) totalmente platônicos(as),  pois ainda não nos sentimos totalmente seguros(as) para fazermos uma declaração ou recebermos uma. E assim a vida vai passando, entre a alegria e a tristeza, dor e felicidade, perdas e ganhos. Tudo isso influencia de uma maneira expressiva para a nossa personalidade.

Quando falamos em relação ao amor, tudo isso se acentua  radicalmente. Algumas pessoas por terem sofrido muito nos seus relacionamentos, fecha-se  para o amor, fecha-se para o mundo achando-se incapaz de amar novamente, pois têm medo de voltar a sofrer ou se decepcionar, e o que é pior nisso tudo, é que mesmo que se sinta atraído por uma pessoa, luta com todas as forças para não se envolver, para não amar. Renuncia àquele amor sem sequer se dar uma chance, ou dar uma chance a outra pessoa, sofrendo e causando um sofrimento muito maior a pessoa por quem é amado(a). Cobre-se por um “capa de proteção”, principalmente em se tratando dos homens, e só quer viver de pequenas aventuras que acredita não vá lhe causar mais sofrimento, por mais que o que sinta seja uma coisa especial, ele(a) a  torna superficial, sem nenhuma importância maior. Fecha-se na sua “concha”, não se doa, tudo que se pede ou se pergunta torna-se uma cobrança, o que só faz irritá-lo(a), transformando-o(a) de tal maneira que se torna uma pessoa rude, grosseira, não consegue demonstrar a mínima consideração, o mínimo carinho, atenção e principalmente amor para com a pessoa  que o(a) ama.

Essas pessoas desacostumaram-se a serem amadas verdadeiramente, e se encontram alguém que o(a) amem verdadeiramente, que se entregue de corpo e alma àquele amor, ele(a) reage de forma violenta, agressiva, arrogante, através de palavras, ofendendo para dessa forma afastar-se. Será que em momento algum eles(as) pensam que estão causando um sofrimento muito grande a outra pessoa? E também a si próprio(a)? será que ele(a) conseguirá levar uma vida “vazia”, , que ele(a) não percebe que são somente aventuras superficiais, que não levarão a nada? Que após alguns encontros, continua um “vazio” que nunca é preenchido porque aquilo não é o verdadeiro amor? Talvez seja somente uma atração física que aos poucos vai se deteriorando, e logo, logo acaba?

Quando uma pessoa ama verdadeiramente alguém  que age desse jeito, o sofrimento é inigualável, pois sofre-se sim por amor, devido a uma briga, um desentendimento ou algo parecido. Mas quando se ama uma pessoa verdadeiramente, sem medidas, sem medos, procurando dar o de melhor àquela pessoa, demonstrar o quanto o(a) ama verdadeiramente, numa entrega total e irrestrita, demonstrando através de pequenos atos, ligando para dizer um “eu te amo”, para saber como está, somente mesmo para ouvir a voz, enfim querer saber mais pouco sobre ele(a), e aquela pessoa para fugir, para não se envolver, transforma todo aquela preocupação e carinho em “COBRANÇA”,  deturpando tudo que era carinho num ato vil  de invasão de privacidade achando-se dessa forma no direito de ofender, de magoar, de não dar notícias, de desprezar, de dizer que até um telefone  o(a)irrita a ponto de desligar na cara da pessoa sem o menor respeito, sem sequer imaginar o sofrimento atroz que causou na pessoa que está do outro lado da linha, que sofre para entender como dedicar tanto amor a uma pessoa pode causar uma reação dessas? È claro que ninguém é perfeito, quem o é? Fomos criados diferentes, ninguém é igual a ninguém, mas aí é está a maior prova de amor, são nas diferenças que se consegue superar, se assim não fosse, Deus na sua suprema sabedoria criaria pessoas totalmente iguais para que se entendessem melhor, e será que pessoas iguais se entenderiam melhor? O amor seria melhor? Ou seria uma total monotonia sem surpresas? Quando amamos, superamos as diferenças, cada um tem que ceder um pouco para que se chegue a um entendimento, isso é amor. Já pensou uma pessoa que ama ouvir barbaridades da boca do seu amado(a)? ser humilhado(a), ser expulso(a), da vida, da casa, tendo como principal justificativa o fato de não serem iguais? Será que mais tarde quando vier a perda, ele(a) não reconhecerá que deixou passar a chance de sua vida, que venha a reconhecer que amava aquela pessoa, mas preso(a) ao seu egoísmos expulsou-o(a) da sua vida alegando tão vis motivos?

Nunca devemos nos arrepender do que  fizemos, pois assim  levaremos  a certeza de que tentamos e por algum motivo não deu certo, mas morrermos, mas não tentarmos, não nos darmos ou dar a pessoa uma oportunidade de tentar, expulsando todas as possibilidades de um entendimento, essas pessoas levarão para o resto da vida, a dúvida. E talvez mais tarde, bem mais tarde, fique somente o remorso de não ter aceitado ser tão verdadeiramente e lealmente amado, e aí venha o arrependimento e a saudade, e essa pessoa já não exista mais, ou porque morreu, ou porque renunciou àquele amor por quem tanto sofreu e desistiu...aí então...já será tarde demais.