poder paralelo

Ontem a situação aqui na Vila Cruzeiro estava horrível, a polícia subiu morro e matou nada menos que quatorze traficantes, apreenderam duas metralhadoras ponto trinta e cinco fuzis, além de várias pistolas e granadas de mão. Foi uma grande operação, eu conhecia todos aqueles traficantes, pois minha casa, infelizmente, é próxima a uma boca de fumo. O primeiro que eu vi esticado no chão estava com um tiro bem na testa, o apelido dele era lingüinha, vi ele um dia expulsar e matar um morador antigo aqui da comunidade; o segundo traficante era conhecido como Zé boneco, em uma guerra entre morros ele capturou um integrante da facção rival, ele o amarrou na praça central e o fuzilou diante de toda a comunidade; o terceiro e o quarto era o Val e Pezão, esses estupraram minha irmã e logo depois a mataram com tiros a queima roupa; o quinto era um ex-soldado do exercito Brasileiro, ele era uma espécie de atirador de elite da favela, matou vários soldados da polícia a distância, de algum ponto da favela ele armava seu fuzil, sempre em um tripé, alveja todos os policiais; o sexto e o sétimo, João galinha e Teteco, eram inseparáveis, cobravam a droga dos clientes e aqueles que não pagavam eram mortos e seus corpos eram expostos na entrada da favela; o oitavo, o nono e o décimo e o décimo primeiro eu não lembro o nome deles, eram sentinelas do lado leste da comunidade, eles participaram do assassinato do integrante da facção rival na praça da comunidade, lembro de suas risadas vendo o traficante rival agonizando de dor; os três últimos eu me lembro muito bem, pois atiram em meu pai, quebraram toda minha casa, me expulsaram daquela comunidade.

Hoje eu vejo todos eles mortos, uma felicidade invade meu peito, é um alívio enorme saber que homens tão ruins estão mortos. Eles mataram toda minha família.